Passados trinta anos, menos. Ou mais, o tempo de uma vida. A carta encontrada não surpreende. O escrito, o dito, o pensado, tão completamente, atual! A revelação apequena o protagonista, ou surpreende? Não importa. Curiosidade. – O que permaneceu assim, o mesmo? – O problema, o olhar, o escrito, o descrito sentimento. Ou detalhe de ser como somos, estagnados. Talvez o cenário. Ou aquela específica interlocução. Sempre o mesmo contexto, o mesmo texto. O tempo escreve perplexidade. Como no mito. Carregamos a pedra morro acima, eternamente. A mesma pedra. E, a mesma carta.
Sísifo, na mitologia grega, é obrigado a levantar enorme pedra ao longo de cada dia até o alto do morro, ocasião em que a mesma se lhe escapa das mãos e rola abaixo. Escrevo a mesma carta, sem nunca resolver o significado da ausência.
Elizabeth M.B. Mattos – 2015 – Torres


