Acho que o que nos faz voar, seja lá o que for, é a mesma coisa que atrai o marinheiro para o mar. Algumas pessoas jamais compreenderão isso e nós não podemos explicar-lhes. Se elas estiverem dispostas poderemos mostrar-lhes, mas nunca dizer-lhes.
O mundo é como é porque nós queremos que ele seja assim. Só quando a nossa vontade muda, é que o mundo muda; seja o que for que pedirmos, conseguimos;
Nunca haverá alguém que seja dono de qualquer coisa além dos seus próprios pensamentos. Através dos tempos, nunca conseguiremos conservar a posse de gente, lugares ou coisas. Podemos caminhar um pouco com eles, mas, mais cedo ou mais tarde, tomaremos, cada qual, posse apenas do que é nosso – o que aprendemos, como pensamos – e seguiremos separadamente os nossos caminhos solitários.
Não é ser amado e admirado pelos outros que nos dá alegria de viver. Essa alegria provém de ser capaz, eu próprio, de amar e admirar tudo aquilo que acho raro, bom e belo – no meu céu, nos meus amigos, no contato e na alma do meu biplano.
Não saber a verdade não a impede de ser verdadeira. (Longe é um lugar que não existe – Richard Bach)
Mês: dezembro 2013
Gritos
Não gosto de carrossel, nem da roda-gigante.
Risos, buzinas atropelam o verão. Quero a sombra silenciosa da chuva.
Alice Munro NOBEL 2013
Alice Ann Munro, nascida Alice Ann Laidlaw, é uma escritora canadiana de contos, considerada uma das principais escritoras da atualidade em língua inglesa. Foi agraciada com o Prêmio Nobel da Literatura em 2013.
Em Vida Querida surgem temas pesados, como a velhice e a frustração de mulheres que vivem em áreas rurais do Canadá. Apesar da angústia, esquecendo as risadas curativas de boas risadas, vale provar a escritora conhecida como mestre do conto contemporâneo.
Transtorno
Morrer, um transtorno. Nascer, festejar. Dor, farol – alerta: pacote fechado. Aguardo. Joaquim, Ismênia, Perpétua, Manoel, Arthur, Pedro Antônio, Suely, Matheus, Paulo, Rosa, Margarida. Hortência. O jardim.
Analogia do oposto.
Temperamento de rua, entrar de costas. Tribo certa. Bom vinho. Independência. Liberdade econômica. Ocupação contante, em casa. Uma entre tantas: incerteza vazia ou certeza intensa! Na mão da contra-mão. Dúvida. Transtornos fúnebres negativos; encontro e romãs. Amizade da risada, da lágrima, da festa nas fraldas, ou silêncio.
Contar pombos…deixar o tempo sentado na praça. Megera. Faz calor seco, sufoco. Deixa a risada pro outro dia, amanhã. Sem transtorno…O advogado não envia certidões? Por quê? Justiça sem abuso. Certa na espera. O traçado. O dinheiro escorre…Recomeçar para entender. Coleção Mimo da Autêntica editora. Virgínia Woof, L’ Occitanne en Provence, Dior, Cartier, ou Alice Mounro. Protocolo Bluehand: Zumbis. Listas e Listas.
Foto Joana Moog – Espanha.
JEAN COCTEAU…
JEAN COCTEAU
Um escritor deve fortalecer os músculos de seu espírito. Esse treinamento não deixa tempo ao lazer esportivo. Exige sofrimento, quedas,preguiças, fraquezas, fracassos, fadigas, lutos, insônias – exercícios contrários aos que desenvolvem o corpo. ( p.15 Ópio Diário de uma desintoxicação. Editora Brasiliense)
Na cama
O tempo se esconde em baixo da cama. Aguento. Empurro o aperto, as vozes. Se grito ele espia, sussurra…Se eu pudesse lhe explicar, cantar, ninar, ou responder…
Doméstico
A prisão doméstica, interna, no interior vai retesando o corpo, nublando o olhar, curvando o ombro. A roupa não veste. Oculta, o corpo se enche de pregas, amolece, o gosto fica tomado pela gordura morna das frituras de todos os pastéis. Adoráveis! De carne, peixe, queijo, siri, goiabada, será que tem pastel de salmão? Berinjela. A água com gosto de cano, ou gosto fechado, nunca perfumado. Ser prisioneira, estar trancado é reinventar o passo, segurar a luz entre as mãos, retomar a memória, memorizar. Ser livre é brincar de dizer, de fazer, sem pensar tudo, ó fazer. É assumir a falta, olhar o buraco. Entrar no quarto que ventila por cima, e rir demais, muito…e mesmo deitada no assoalho escutar música. Revistas chegam coloridas, abertas em visual lúdico. Ah! Se não fosse lúdico ler manchetes de jornal, e capazes jornalistas rasparem o suco para o melhor perfume. Escrever na linha certa das palavras deixando a massa da pizza crescer, respeitar tempo, gosto e noite…Ficar livre é acordar duas horas da manhã e ter as forças todas alertas, abrir janelas, escutar o que se mexe. Abraçar uma árvore que se debruça exibida na minha janela, velho jacarandá. A prisão é não poder correr, sentir dor, e querer mais, mais vinho, mais camarões, mais massas feitas em casa, mais laranjas, mangas, carambola, pés descalço, Recife, Taubaté, conhecer general que não diz, deixar o café esfriar na esquina. Chão de taboa, bebê abrindo o olho. Prisão e liberdade. Livre em quarto de poucos metros quadrados, livre numa sala de sete metros ou mais. Alumínio nas janelas, pintar um quadro para cada gosto, mesmo sem gosto! E colher flores, Liberdade com a massa da pizza crescendo… bebendo o trabalho de abrir, rechear, e fazer peras flambadas. Dormir. Depois vem sempre o dormir porque o outro sonho já é melhor. VIVA O jogo de futebol! Vou dar o primeiro chute! Fantástico viver! Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2013 – Torres
Aventura suficiente
O dia se inicia na chuva. Tranca-se a porta, fecha-se a janela. As horas se abrem ao sol, ao suor. Riem umas das outras. Os fenômenos exageram nos ventos, granito. Destelham, afogam, e o dito tempo ensolarado, irônico. O mundo gigante de nuvens como me contou a pequena: enormes, entre cores, brancas, brancas, e o preto, o azul, azul. Ausência e presença. O livro é igual. Qual é a guerra mais eficiente? A cada boa linha, ideia, nova suspeita. Debate intenso, nos violenta. Acorda. Esmurra. Entristece, não vitaliza. Adormeço. O Jantar Herman Koch é assim, incompreensível como o dia, e tão evidente! (Como a insistência de correr, de parar, de estar perto e longe. Amar um dia, desprezar no outro. Apaixonar-se, modificar-se, apaziguar-se. Adoecer. Adoecer porque dói a dor de não ser tudo. Ser inteiro! Não o mundo está ao contrário, ao teu contrário, ao teu avesso. Vamos costurar estes livro. Lançamentos perdidos, esgotados, uns sobre os outros, a se contradizerem! Guerra de futilidades, de exigências, cicatrizes, internas. E risadas de escárnio! Bolsos recheados de injúrias! Afirmar o que sou assim, aquilo, exijo isso ou aquilo? Ironia. Não leiam O Jantar de Herman Koch. Aliás! Parem de ler! Não leiam nada, olhem as fotos. As fotos. Ou fiquem apenas olhando, pela janela, o tempo acaba passando mesmo… E olhar já é aventura suficiente.
Foto de Joana Vianna Moog.
Pote de felicid…
Pote de felicidade: segredos
É como se tudo estivesse em jogo, como se fôssemos apenas nós dois na cidade. Se eu tivesse que dar uma definição de felicidade, seria esta: a felicidade não precisa de nada além dela mesma, não precisa ser sancionada. “Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz a sua maneira” é a frase de abertura de Anna Karenina, de Tolstói. A única coisa que eu poderia querer acrescentar a isso é que famílias infelizes -, entre famílias, em especial marido e mulher infelizes – nunca são infelizes sozinhas. Quanto mais pessoas para promover, melhor. A infelicidade adora companhia. A infelicidade não suporta o silêncio, especialmente o silêncio desconfortável que se instala quando tudo é solitário. (p.9-10)
Você não precisa saber tudo sobre o outro. Segredos não impedem a felicidade.” (p.251)
O Jantar de Herman Koch – Editora Intrínsica
Escondidas no bolso
Pelo rio sem rumo, sem texto, à deriva, ao vento.
Ao vento, no sopro do sonho ela espera. Espera a linha, o lápis, o texto, a tecla, a dor.
Quanto sol! Que chuva!
O passo oscilante, incerto, segue.
Escondidas no bolso do avental as amoras derramam azul…