Misturadas

TORRES outra vez! E, Luíza  visitando a mãe, Torres 2014.

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Ida ao Rio de Janeiro, depois de 10 anos no Rio Grande do Sul,1990.

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Flávio Tavares, Torres, antes de publicar Memórias do Esquecimento.

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Recorte de jornal, 1964.

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França, Paris, Chateau Chambord com Claude Bonjean.

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Roberto Menna Barreto Mattos, Suzana Mattos e Marcelo Coufal, Anita de Athayde Mattos.

FOTOS BETH 007

Fazenda Santa Branca, Rio Pardo, Rio Grande do Sul:

Luiza e Margit

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Magia

Arrumo / limpo os livros: separo doações (os que não lerei). dos que esperam… Há tempo no tempo de ler  reler. Sol cinzento. Abro o livro  dos livros: “Tenho grande falta de habilidade manual, lamento- o. Seria mais perfeito se as minhas mãos soubessem trabalhar. Mãos que fazem alguma coisa de útil, depois mergulham nas profundidades do ser e dali extraem bondade e de paz. O meu padrasto ( a quem chamarei aqui pai, pois foi ele que me educou) era alfaiate. Tinha uma alma profunda, um espírito verdadeiramente mensageiro. Por vezes dizia, sorrindo, que a traição do erudito principiara no dia em que um deles representou um anjo com asas: é com as mãos que se sobe ao céu.” Louis Pauwels e Jacques Bergier – O despertar dos mágicos. Revolução e encantamento. Por onde andam estes mágicos? O feijão pode ser caldeirão de magia, a cozinha laboratório, eu me demora  picar colorido e a me deliciar com o som do piano, deve ser Mozart e seus exercícios. Elizabeth M.B. Mattos – 2014 – Torres

Ao nosso lado

Esta coisa da ausência não se explica. Ausentes sempre têm razão: são os que não contrariam o trabalho do amor. Se pensamos a vida parece que sempre estivemos separados daqueles que amávamos mais: talvez seja porque basta um ser querido viver ao nosso lado, para que ele se torne para nós menos querido, ou menos necessário. Os errados são aqueles que estão ao nosso lado.  Contradição. Necessidade nunca preenchida…Elizabeth M.B. Mattos – novembro de 2014 – Torres

Cinzento

Gosto deste cinzento, desta chuva miúda que se apresenta lenta, modesta. Calçada molhada, a poeira descansa. O verde das folhas veste matizes amareladas, lustrosas. E o silêncio, cheio das vozes agitadas da passarinhada, me agita por dentro nesta gramática canhestra. Gosto do cinza, e do preto daquelas nuvens.

Eu estava lá

Talvez eu tenha estado lá com a ambição juvenil de mostrar teu engano, que as coisas não se resolveriam daquela maneira, não com lógica, evidências, ou comparações. Avanço afetivo, soluções chegam com as constantes novas versões…A repetição. Construímos enigmas sobre as questões fundamentais da vida e da morte (tempo, amor, permanência), sobre questões para as quais não temos a resposta. É esta falta de resposta mesma que nos anima a ir em frente. Pelo que sabemos até agora, precisamos dos enigmas para continuar a viver. É uma maneira de estruturar a vida e dar-lhe sentido. Flutuando, ou não, eu estava lá.

Desculpas

Cada um à sua maneira, feliz. A sua maneira soluções, e alegrias. Retorna-se ao começo. Retoma-se ao erro, ao acerto. Arrancar, extirpar equívocos. Reconhecer a Zuleica, o Fernando, a Mariela. Com vagar e paciência, olhar, esmiuçar: o reflexo no espelho. Diário, relato, memória possível! Atenção particular à surpresa, à ruptura, ao imprevisível visível. Ao desejo oculto, ao perdão. Trilhar, e reconhecer trajetória íntima, virtual, ou do outro… Reconhecer corpo,  idade específica do problema. Nada fácil. Respirar é difícil.

Mergulhar na rotina, na disposição cotidiana. Lugar, morada, jardim. Cães, filhos, ou amigos. Irmãos tios, primos, desconhecidos: a infância. Fingir desconhecer, não reconhecer, não repousar dentro de si mesmo: abismo pessoal. Sofrer antes do sofrimento chegar. Pausa. Parêntese. Ponto depois de tantas virgulas. (Generosidade). Não recuar, não fugir. Não perder o hoje, reconhecer a mão que pede socorro. Matemática com todas as operações que ainda não aprendemos. Elizabeth M.B. Mattos – Porto Alegre – 2014

Preconceito

Preconceitos: alfabeto, regional, cor, sotaque, ideia, floração, cerca em círculo. Apertado azedo, e complicado. Divergência em coquetel: beleza, fluído, estupefação, trabalho. Diferença explode em nuances alegres, trágicas. A ser descoberto, o mundo.

– Não posso comer. Não vou pentear o cabelo.

Janelas fechadas, segregam.

– Não sou voraz.

– Fecho os olhos, mas voto, aperto, teclo.

Caótica escrita. Corrompemos o corrompido. Crianças se espantam… indecisas, encolhidas. Preconceito. Elizabeth Menna Barreto Mattos – Porto Alegre – 2014

Ciranda Cirandinha

Torres com vento, vento nordeste, aquele vento já grudado na infância da praia agreste. Conversa com mar marrom. O vento sacode areia na peneira azul do pescador. O vento dá voltas, volta inteiro para trás!

Copo vazio. Cabeça transborda luzes natalinas. Reiteradas  notícias, duvidosas, assediadas. Estupefação! Velho medo. Desconhecemos o vazio desta novidade televisiva. O revólver, o estupro, outras flores esmagadas…

Uma xícara de chá, depois a raiva. Certeza pequena. Mentira, realidade, e mais vento. Estupefação. Teremos ministro? O que é mesmo que acontece? Quem é esta senhora raivosa que se apresenta positiva? Vamos recortar personagens, todos, recontar a história, fechar a repulsa, recomeçar modesto, singelo, sem prepotência. Cantaremos CIRANDA cirandinha vãos todos cirandar!

Silenciar

A escrita se desfaz, desaparece, aos poucos, silenciamos. Não faz sentido o dito, tão pouco! A corrente amigável se desfaz, lenta. Desaparece, estamos isolados. Um dia menos, outro, menos ainda. Conversas não dizem, não falam mais…A televisão, música, e a leitura. Muito? Não. Pouco, quase nada, porque não existe o outro. Há que fazer acontecer o encontro, a roda, a ciranda da música. E o amigo, quieto do outro lado fica mudo. Jogo frenético das cartas, do game? Computador, olhos parados. O que posso mesmo fazer neste dia de mormaço? Tantas outras gavetas para remexer, ordenar. E depois? Entregue ao som do minuano – primavera. Forte pelas frestas.