atordoada com o definitivo

atordoada, eu não compreendo o motivo, apenas gostaria de ser/estar/ e te dizer como antes, num jato! estou travada no sentimento, na palavra! o livro errado, devo estar lendo o livro errado, ou atravessando o período difícil, não sei

e quando

quando não sei o que dizer, é isso. Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – muito frio, ou sou eu mesma o muito deste dia! não sei

Pensar: trabalho invisível

E por ser invisível, mal remunerado. sem pensar vou a caminhar pela superfície e vejo o mais o menos de tudo, até ouço mais ou menos…E durmo menos, Ah! o grande sonho do bom sono atirado no cansaço daquele trabalho braçal, útil, importante: uma jornada! Ainda não bebi o café com leite, ainda não comecei o dia. Que frio está fazendo neste danado fim de maio! Como será escaldante o verão! Os excessos! Tantos excessos! Preciso do menos. Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – Torres

changer / trocar / avançar

acho que a gente muda de cidade porque muda de história / parece que levamos as nossas roupas, alguns móveis ou louças, panelas, mas, de fato, não levamos nada, porque na mudança trocamos a alma, somos outra pessoa, as identificações não servem de nada

uma vez, não, mais de uma vez bateram na minha porta e eu não abri. Não abri pro homem das verduras, nem para o carteiro, nenhum viajante, nenhum velho amigo, não abri a porta para as histórias de antes, ou de ontem, ou para as que poderiam ser para amanhã

abrir a porta é perigoso

abrir a janela também pode ser

a ilha seria o melhor lugar, não atender ao telefone, a carta pode ser a solução, a velha e antiga carta, ela pode esperar em cima da mesa, já entrou, sabe esperar…

não abrimos a porta, nem a voz, nem o suspiro, sequer choramos.

trocar / changer / mudar

quando quero ir para outro apartamento, outra cidade, quero ser outra…

poderia ser fácil, mas, nem sempre está tudo naquela valise que posso levar…Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – Torres

conversa

Chegou aos meus ouvidos uma conversa da chuva: raios e trovões, coisa de inverno. Cachecol, fogo na lareira, meias de lã e cobertas! Dor de garganta também, nariz pingando! E nenhuma criança por perto! Vou voltar para a cama, coisa de domingo ficar inquieta assim… Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – Torres – juro que amanheci super disposta de noite muito dormida, de sono pesado, sem sonho. E a gente não segura a energia! teimosa e traiçoeira! acho que esqueci, alguma coisa, logo eu lembro

foi ontem, foi hoje

escrevi / apaguei / pensei, deixei de pensar, achei o jeito, perdi o jeito, sem graça, agora, o vazio / dolorido vazio, aliás, agora é ontem, antes de ontem, quando tu me escrevias e eu gostava de cozinhar! não importa agora, deixa o inverno abraçar / deixa o frio entrar no fogo da lareira e dançar,

a música resolve / a música, a dança…

eu me aqueço enquanto penso em ti. Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – Torres

o amor

o amor congela

congela quando ferve a nos aquecer, e eterniza

congela o amor!

grandes/pequenos, adequados ou inadequados sentimentos explicam a pessoa

o desenho do amor está na sombra / na euforia / na generosidade aberta

assustador quando existe apenas a dimensão limitada de um único olhar!

somos muitos! somos um! tão óbvio! Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – Torres

mãe ou tia

Penso muito, muito mesmo nesta tia. Com ela todas as minhas memórias de menina-criança. Ela me ensinou a ser pessoa/gente. Poderosas e intensas/tensas lembranças. Preenche um período enorme, toda a minha vida antes do internato, nos primeiros anos escolares / o Grupo Escolar Rio Branco…Tia querida! Com ela as minhas brigas e birras, a mãe presente! Eu tive outras mães, se a coragem chegar pra me agarrar nestas lembranças, ela será, certamente, a principal protagonista. Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – Torres -, inclusive nos meus verões!

beijo coroado

Não importa o tempo, nem a idade, muito menos a estação, há/existe o beijo coroado, aquele toque perfeito, assim, durmo nas horas inversas, as minhas! E a tua voz, embala o dia! O segredo:nossas noites! Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – Torres

esvaziado

Ah! Aquelas promessas que se acumulam na minha vontade, adormeço (verbo que uso muito) cheia de boas, belíssimas intenções, justo até depois do café, ainda no começo do dia, tudo é possível. Eu apresso urgências: levar a Ônix para dar uma volta, abrir as janelas, ventilar os miasmas da noite, sacudir os travesseiros e me alegrar com tanto sol! Ah! As danadas das boas intenções estão bem alegrinhas! E começo a me sentir forte, caminho, olho, e me admiro. Volto para casa certa que farei outro tanto! E as conversas / as notícias / os arreios começam! Eu vou ter mesmo que “me levar”? Aperta aqui, ali, ah! melhor ficar do jeito que está, sem tanto exercício, sem tanto fazer! Quatro frases! Sim, ao menos algumas frases e me sentirei melhor! E lá vou eu pra exercitar o fazer! Que eu consiga! Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – Nenhuma obrigação! Apenas desvios! Ótimo! Faz parte deste meu tempo.