melhor – ‘que todo parezca ligero y pronto a temblar al más leve soplo de viento, pero que debajo una estrutura de hierro.’

tua vida não é melhor nem pior; o mágico, o sensacional (?), é que, esta vida é a tua vida – a posse é incrível! ter uma vida! se compartilhas ou não, se a multiplicas ou não, bem, tudo o mais, todo o resto, todo o antes, e o depois serão descobertas! temos uma vida! sensacional ter conhecimento deste fato. Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2022 – Torres

En una novela titulada TO THE LIGHTHOUSE, una pintora ansía ‘que todo parezca ligero y pronto a temblar al más leve soplo de viento, pero que debajo una estrutura de hierro.’ Esta estética es la que pratica la misma Virginia Woolf, y es también la de Leonardo. Una estética que ya es una metafísica. […] Leonardo pintaba efectivamente sobre triángulos, círculos y pentágonos.; pero la temblorosa carne de sud ángeles y madonas se apartaba sutil pero invenciblement de esa rigidez matemática, como de aquellos pesados aparatos que, después de sus nocres de morgue, destinava a imitar corazones y voces. El arcano de la vida y de la muerte, que en vano trataba de desvelar en sus disecciones y que torpemente tratava de recear en sus robots, era en cambio alcanzado en su pintura. (p.228)

[…] Así vamos de la vida al universo perfecto de la geometría, pero debemos volver, se queremos seguir perteneciendo a la raza humana. Como todos los artistas, Leonardo buscó el orden; y de la mano de Platón intentó acceder a su universo. Pero ese reino no es el de los hombres, esas abstracciones no los apaciguam sino transitoriamente, y todos concluyen por añorar este mundo terrestre, en que se vive con dolor, pero en que se vive: el único que nos ofrece pesadumbre pero el único que nos proporciona plenitud humana.”(p.228) Ernesto Sabato Lo mejor de Ernesto Sábato selección, prólogo y comentários del autor

30 de 12 de 2022

invadi o dia do teu aniversário sem fazer barrulho. cá estou a comer o terceiro, quarto brigadeiro, já com a mão na empadinha. o suco, bebo aos goles da sede. ah! festejo sem música, gulosa. enchi os balões e empilhei os presentes. vestido rodado é para veres as pernas enquanto a coreografia se entusiasma. feliz e bom aniversário meu querido: espanta os fantasmas, acomoda alegria e serenidade e abre a porteira para os anos iluminados que te esperam…vai devagar, concentrado no passo: as velas soprarás ao longo da vida… te amo. festejo o teu acordar… Elizabeth M. B. Mattos – dezembro de 2022 – Torres

transborda

o pesadelo transborda, ferve.

a cura atravessa a rua e bate na porta. não abres.

a porta, as janelas, as frestas, nem o teu pensamento seguram o vento, atravessam..

igual o amor chega, abraça. banho tomado, perfumado, tranquilo…

trajeto, como o da formiga, certo.

o verão se instala.

o pesadelo transborda,

e os pedaços se modificam no ar,

viram sonhos… Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2022 – Torres

também eu gosto da rede, do balanço,e deste sono!

de amar

as cadeiras se movem no apartamento de cima, alguém abre ou fecha janelas (chove, talvez ora fique abafado, ora quente na sala), a madrugada se define como dia 28 de dezembro, o ano, o mês termina com esta fresca sensação, não sei de qual estação: sinto frio e senti calor! os olhos doem das/nas leituras pequenas, doem da preguiça de olhar. e, o que não está no lugar, não consigo arrumar. as vozes estão quietas, todos tentam dormir ou dormem, ou quem sabe dançam, escutam música…

a madrugada parece cheia de possibilidades coloridas, já trancada a noite segue, o corpo inteiro se desarruma fora do horário. e a respiração parece trancada, abafada. sensação, não exatamente vontade. os jogos de viver sem regras, atropelam o vazio da desordem feita em promessas prometidas. elas nos acalmam, ou agitam? desejos sem abraço, sim, todos nós queremos um abraço, não importa a hora, e sentimos o desejo de querer e uma danada ausencia gritando…

eu preciso, tu precisas, e o brinquedo não marca o tempo, então, a gente sente saudade, saudade do tudo, do nada, saudade indefinida, com tanta luz, depois o escuro. a vida fica triste, num repente, dói um aperto. vou voltar a tentar… a chuva faz uma voz na calçada, mas não é ninguém, sou eu conversando baixinho contigo… a mágica é mesmo ser a criança que fomos, e começar a embalar a doçura e a gentileza. Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2022 – Torres

“Apenas os jovens têm tais momentos. Não me refiro aos muito jovens. Não. Os muito jovens não têm, a bem dizer, momemento algum. É um privilégio do começo da juventude viver adiante de seus dias, em toda a bela continuidade de esperança que não conhece pausas ou interrupções.

Fecha aqui resplandecem cheias de si o pequeno portão da mera meninice – e adentra-se um jardim encantado. Até as sombras aqui resplandecem cheias de promessas. Cada curva de vereda tem suas seduções. E não porque se trate de um país desconhecido. Sabe-se muito bem que a humanidade toda já trilhou aquela senda. É o enanto da experiência universal, da qual se espera extrair uma sensação incomum ou pessoal – ou algo que seja só nosso.” (p.15) Joseph CONRAD A Linha de Sombra

nunca renuncie

“Nunca renuncie, Catherine. Você tem tantas coisas dentro de si, e, a mais nobre de todas, a noção de felicidade. Não espere apenas a vida de um homem. É por isso que tantas mulheres se enganam. Mas espere-a de si própria.” (p.96) Albert Camus A Morte Feliz

Um Natal abafado e sem conversa, debaixo de uma pedra, entre outras pedras, um rio passa, a chuva deve chegar e fazer tudo desaparecer em baixo da água, mas, por enquanto um abafado estranho: eu insisto em respirar, eu insisto em limpar, eu não desisto. E arrasto o tempo. Alguns foguetes sacodem o céu: não desistiram de fazer estes estalos assustadores. Os cães tremem. E o sono, o sono se esconde noutra pedra o que dificulta a tal paz da noite. Elizabeth M. B. Mattos – dezembro de 2022 / Torres

não deu tempo

comemos a maçã, bebemos o vinho, viramos a noite, mas era muito mais, era muito mais o amor, mas não deu tempo…não deu tempo ‘do muito mais’, mas, foi tanto! e eu estou aqui: je ne regrette rien! É isso: nada a lamentar, mas a brindar. Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2022 – Torres

e, não tiramos foto, num mundo tão visual, não nos preocupamos com as fotos…,ou sim, fotografamos o vinho. vês, quase esqueci o detalhe do vinho…

tempo dourado

…uma sexta-feira encostada no Natal. Escrevo porque venta. Como venta! E a ventania ensolarada acorda os verões torrenses: o vento a soprar encrespa o mar. E, encrespado, nos tira da praia. A juventude sacode: o melhor, o bom! A juventude conta estória comprida, enrolada nela mesma. Também engana expectativa, fantasia / enfeita a hora.Tudo pode ser o melhor, sempre o muito bom. Esta foto acorda o verão e a juventude: chave dourada.

A outra traz de volta o campo, a fazenda… Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2022

Contos de fadas?

Mais Gata Borralheira do que Cinderela, mais temporal.O que, exatamente, justificativa o melhor? A estória da História é a mesma, o povo aplaude. Quem pode aplaudir, claro! Cada um no seu centro, sem centro nenhum, que desordem! Um segundo no mundo, apenas um segundo do relógio. AH! As Cinderelas sem sapatos picam raiva. Uma voltadeada nos pincéis e os sentimentos escorrem venenosos. Como reencontrar a paz amorosa, a paz da saúde, do bom governo? Os príncipes não dão conta dos monstrengos nem dos feitos mal feitos. Aliás, princesas não existem, nem as da realeza real.

Elizabeth M. B. Mattos – dezembro de 2022 – Torres

chuva de dezembro

a chuva de dezembro com o sossego que importa / o silêncio da passarinhada, sem vozes / a natureza: a chuva sossegando o sossego da segunda-feira

ah! recomeçar a trabalhar, a pensar, entender, entrar outra vez na vida que desenho ou faço traço.

Vontade indefina de recomeçar num princípio, começo… Incerto. Sem desejo, sem ardência. Os dias se fizeram dezembro, e, 2022 começa a ter fim este ano. Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2022 – Torres