“ Não consigo ir adiante. Não posso forçar minha mão a escrever a sequência. Por esse caminho, não há mais por onde se segurar. Tudo é mentira, qualquer coisa é verdade: só resta deixar-se levar, deixar-se cair neste vazio. O pior é que isso também seduz. Inspira uma folga, um caminho desimpedido. Como negar que também há nisso um consolo, um prazer para ser saboreado?
Compreendo as virtudes do exercício que comecei: enfiar-me na pele dos outros, tentar refletir do seu ponto de vista, crer de dentro da sua crença, ir para trás das suas palavras e experimentar o mundo visto dali. Mas essa barafunda, esse labirinto de afirmações plausíveis e disparates, de circunstancias documentadas e deduções delirantes esgota as forças mesmo do melhor ator. Em suma, inventaram um personagem bem difícil de representar: Emílio Vega e a sua pintura. ”
“Havia às vezes um prazer quase sufocante em poder ver tanta gente ir e vir à sua volta sem ter de falar com ninguém, em ter de ouvir ninguém, sem ter nem mesmo de se importar se estavam todos indo rápido para o inferno. […] ser ignorado era tão semelhante a ser livre que a liberdade mesma se torna supérflua. ” Rubens Figueiredo Barco a seco
Este livro é especial. Único. Baseado na vida de um pintor: Giovanni Battista Castagneto (1851-1900) O PINTOR DO MAR – A obra de Castagneto pode ser considerada, no Brasil, como o melhor exemplo de uma pintura que mostra o gesto criador, inclusive se comparada com a produção abstrata da arte contemporânea. escreve Carlos Roberto Maciel Levy (outubro de 1982)