quase velha

…, mas não o suficiente para dar conselhos, nem para dizer sei quem sou, não sei…, adivinho. Sem descrição, impossível detalhar, talvez o suficientemente bom, ou péssimo… Terrível de dizer, ou de pensar. O limite. O suficiente, ou o razoável pode ser/ou deve ser amor… Beth M.B. Mattos – Inquietudes existem: fica o conselho nem um pouco razoável: não derrama, não quebra o copo, por descuido, atordoado, desajeitadamente, ou sem modos no meio da sede. Agarra o possível, e te aquieta no silêncio. Soluções galopam…, estão dentro de ti.

dizer

A fala escorrega perigosa, sem freio, quase assassina, mas a alma salva da morte definitiva. Acredito/penso que é preciso mergulhar, enfrentar. Não foi tão ruim assim, consegui, o troféu não era pesado, percebi. Mas não levei o primeiro premio, nem o terceiro, uma pequena medalha pelo esforço… Nem confessei todos os meus pecados, não mudaria nada. Os escudos são poderosos. Espadas, nem arma de fogo o atravessam. Talvez uma bomba, mas talvez eu saia dos escombros. Talvez! Vou morrer no limite do canteiro das margaridas… Como eu ia te dizendo, feliz. Daquela felicidade recheada de prazer e gozo. Obrigada. Elizabeth M. B. Mattos – junho de 2021 – Torres

o coração sacode com a ventania, com a perda…

Uf! escrever e dizer e voltar, reafirmar pode ser um ato de coragem, um fazer com velocidade de exaurir, de tirar o folego!, o chá esfria, o café fica morno, o bolo murcha, e as laranjas perdem o gosto… Não se trata de desistir. É como acordar no meio da noite, no meio do sonho, e reafirmar a vida. Algumas escolhas parecem ter sido complicadas, linhas cheias de nós, perdas ou esquisitices mal compreendidas. Mas se trata de um deixar para trás justo, esperto e bom. Inesperadamente reaparece hoje/agora como se fosse questionamento, mas não é não, não pergunta nada, nem explica lá, elucida. Levantar a tampa do poço, conversar com a bruxa, encontrar a fada, mas o feitiço é este agora liberto. Enfim! Aquelas conversas necessárias, internas ou musicadas, urgentes. Terapia. Medo de remexer com os amigos, possíveis inimigos, mas perigosas conversas a se fazer com o amado de amor. Uma volta ao campo de guerra, meio da batalha sangrenta, de lucidez estúpida, mas de boas escolhas. Aquelas pessoas do passado, ou morreram ou continuam nas mesmas rodas repassando vidas alheias, ou jogando, cartas, fuxicando no bom ritmo da mesmice, imóveis. Afinal o que significa? Certamente não os fatos, nem as pessoas… Ah! Não posso generalizar, os sentimentos são os meus, os doces açucarados de Pelotas, os filé do restaurante Santo Antônio, aqueles fins de tarde a desfilar no Barranco…, pois é, meia dúzia de cintilações esvaziadas quando…

Minha vitória prosaica está na cozinha higienizada: pratos e panelas em ordem. Cheiro da limpeza. Aspirador ativado, missão cumprida depois de dois dias escondida nas penas do acolchoado. Impaciente com as notícias televisivas tendenciosas. As folhas do jornal acalmam. A notícia se repete, mas o jornal acalma. Lamento, choro, fico gelada por dentro: meu amigo Walter Galvani se despediu. O silêncio do vírus silencia lamentos. Morte silenciosa. Reverencia -se o silêncio. Elizabeth Menna Barreto Mattos -junho de 2021

acesso de honestidade

…,inacreditável como todos viraram virgens vestais honestas, e, magnificas! A tentativa de jogar diferente / do novo (os pecados são maiores do que o mundo, antes eram veniais…risos) e o antes, o antes brilha no céu do correto! há qualquer coisa no ar que não deixa respirar, excesso de frio, talvez, de calor. As cabeças ficaram com moleira de recém nascidos puros…, resistentes. Inacreditável esta roda! Elizabeth M.B. Mattos – junho de 2021 – TORRES compro margaridas e mistura com rosas e cravos, ainda não sei do perfume, vou descobrir, sem assistir televisão, claro!

Simone Jockymann

palavra, suspiro, voz congelam neste junho ameaçador / dor e desencontro no Brasil, mas em Torres as mimosas floriram e os jasmins apontam, ouço tua voz a me chamar, estou indo! – festejo o aniversário da Simone Jockymann com bolo, chocolate quente, conversa com/em sanduiche: piano e canções. Nossa alegria saltando em ciranda. Elizabeth M.B. Mattos – junho de 2021 –

lambuzar pincéis

Feitiço e palavra: mágico sentimento: porão de sensações! E sou eu, e és tu, e somos nós, a desafiar o equilíbrio deste silêncio e do grito, e do gozo. Corpo, saciado, agradece, inverno gelado se espanta… Olhar estarrecedor traduz o alegre feliz. A juventude dá uma volta no que pensa/parece/se diz envelhecer: “É uma decisão e não opção.” Não existe música, nem movimento, nem dúvidas ou lástimas queixosas. “Se tiver que violentar pudores é menos danoso do que perder a oportunidade de dar-se prazer. Romper barreiras.” Beth M.B. Mattos a colorir na aquarela, a ler no desenho. Lambuzar os pincéis e mergulhar no copo a transbordar: estamos esparramados no violento sentimento de rasgar, plantar e fazer explodir.

Ntozake Shange

Há um verso em for colored girls who have considered suicide / when the raibonw is enough, Ntozake Shange. Na peça, a mulher de roxo fala depois de lutar para lidar com todos os aspectos físicos e psíquicos de si mesma que a cultura ignora ou deprecia. Ela se resume com estas palavras sábias e pacíficas:

here is what i have…

poems

big thighs

lil tits

&

so much love*

é isso o que tenho…/poemas/coxas grossas/peito pequeno & tanto amor

(p.267) O corpo jubiloso: a carne selvagem in Mulheres que correm com os Lobos – Clarissa Pinkola Estés

corrupção = a

ter ou não corrupção equivale ao número de picolés e pacotes de sorvete de chocolate que um congelador comporta: se vivemos doze, ou treze ou foram quantos anos? sei lá. quanto de tempo anos engolimos a violenta palavra?, agora vivemos/estamos/ temos a se remexer no estômago uma indigestão colorida: todos, confortavelmente, sentados nas suas cadeiras administrativas: ninguém quer picolé ou sorvete de chocolate. Esperam a safra dos morangos…ElizaBeth Mattos – junho de 2021- Torres – Céus! não tenho ideia de como farei para chegar mais perto, estão eletrificadas as cercas, e tanto/muito barro…revolta