amigo especial, ainda tão perto

Paulo Hecker Filho

As minhas cartas / longas, queixosas sempre a dizer tudo e mais um pouco eram respondidas com a paciência de sempre e me abraçavam ! Eu refletia! Afinal, apreendi a ler com cuidado, senão cuidado, prazer, prazer, prazer a loucura! E escrever?! Sigo a teclear / também alucinar nos escritos. Elizabeth M.B. Mattos – abril de 2022

Nilton – sempre

A rotina ansiosa de percorrer médicos / decisões pontuais: horário e tempo certo. O mais, e mais, mais se agarrou na possibilidade de tudo resolver antes dos feriados / resolver.

Visível e invisível amigo querido, estares perto se agarrou nesta semana porto-alegrense de/da pressa, Igual a cidade se revelou. Detalhes. Reencontro com perfume/cheiro, particular odor. O som revelou/desvendou lembranças, subiu ao oitavo andar revirou tudo -, magia. Pensei em descer e te fazer visita – surpresa, mesmo rápida, Ah! acabo enredada nos meu roteiro surpresa, e, reencontro vida em casa, no sorriso da irmã, na conversa comprida. Foi bom! E te visitar relâmpago me ocorreu, tu sabes. Sempre estamos pertos, desde o tempo das calçadas da rua Vitor Hugo, nas voltas, nos retornos desencontros. Sim. Eu me equivoquei, tu sabes. Um beijo. Elizabeth M.B. Mattos – abril de 2022 – Torres

via Porto Alegre, depois dos balões – agora diferente olhar/ver: Nilton S. L.

risadas

Isso aí a melhor coisa é rir, essa mudança nos olhos, como que abre um portal para um novo mundo, mais luz, mais cor, mais nitidez, uma maravilha! Aproveita esses momentos, eles fazem a vida rir para a gente… (risos), o que está longe parece sempre ser o melhor, mas nem sempre é.” A.C.L.

E eu me senti solta, possível, e vendo sem ver, festejei a proximidade. Claro! “o que está longe parece sempre ser o melhor, mas nem sempre é” -, ah! como a verdade rola verdade! Carinho ilumina! Obrigada meu amigo / sem esperar eu sigo a te esperar! O longe também é perto! Que venhas! Vou te levar lá, onde estávamos, eu juro! Eu já senti a estória virar história , outra vez, coisas do tempo! Foi / é bom! A foto, um festejo de abril! Eu que moro na beira da Lagoa, na serra, perto do vento! Logo, com a filha, num repente, estava beira mar, com estrelas, tipo uma memória boa, e tão perto! Morei nesta mesma rua! Sentindo cheiro de mar! Torres virou tantos lugares!, nome de saudade! Adorei voltear com a filha! Eu me sinto no mundo! (risos). Obrigada ao amigo querido!

Ana Maria e eu – na rua José Picoral – Torres no meio / fim de abril de 2022

verdade

Verdade atrapalhada, vontade/desejo/coragem, não tenho. Perdi. Vou a me agarrar naquela lembrança… Esfumaça o tempo, refaço o dia, anoto,, planejo, dou conselho e falo, falo, falo atordoando. Estranho ter dado conto do dia, não, já foram dois! Intenso. Não sei. Atordoo. Verdade arrumada, datada. E pulo o desejo. Elizabeth M.B. Mattos – abril – com vento. Amanhã não posso esquecer de molhar as plantas, refazer a lista das compras, programar outro passeio. Onde estão as margaridas? Amei o turco, verdade.

encontrei as rosas da Marina Pfeifer

amigo querido

amigo querido, sim, estou a pensar em ti, estou a te escrever, estou a te sonhar, como sempre…, mas, fiz uma pausa. Fui até Porto Alegre. Passei uma semana por lá na casa da minha irmã. Oftalmologista. Cataratas. Era um olho, fiquei mais uns dias, fiz os dois e a seção de colírios, de pinga pinga é incrível. O sucesso passa por este cuidado de cuidar e fazer. Uauuuu! Limites e ordem. Cuidado e paciência. Quietude. Descobri estranhezas em mim. Sou impaciente, sou atrapalhada, sou confusa, mais ansiosa do que nunca imaginei ser…, sou uma desconhecida! Sempre a representar. Então! Ficar sentada. Parar. Não correr, não olhar, não escrever, não ler! UAUUUUUUU! Sou uma desconhecida! Isso pode acontecer?  Como se os véus, os fios, as certezas tivessem voado. Ah! Claro! Aterrissei noutro planeta e diante de outra mata, doutras vibrações, a descoberta. Eu me apaixonei por Porto Alegre, pelas lojas, pelas doçuras de estar livre e solta! Eu voltei a me apaixonar pelo gosto de viver. Estas coisas de cárcere são complicadas!  Eu estava tão prisioneira! Abrir as portas e sair, confunde o prisioneiro.

Voltei para trás das grades. Mas te mandarei notícias, prometo. Beijo. Elizabeth M.B. Mattos – abril de 2022 – Torres com balões / colorido / temperatura de prazer – aconchego. Tudo volta ao lugar.

sobreviver

A gente encontra um bom motivo, qualquer um. Roseiras, colecionar relógios, livros raros. Resolvo escrever, ler o maior número de livros possível. Não. Vou beber chá, as melhores ervas. Ter alguns vasos de flores. Fumar um bom cigarro. Olhar as estrelas de noite. Trabalhar, trabalhar no que for possível para sobreviver. Entender das fundações do mundo: aquilo que sustenta, faz uma casa ficar de pé…, o cálculo, a matemática, o exato. Depois ter um companheiro. Alguém que eu possa me encostar nas noites de inverno. E que me traga um copo com água quando estou trabalhando. Não. A gente encontra outros motivos. Resolvo viajar. Conhecer o mundo, desdobrar a minha imaginação…, não sei bem onde/para onde ou como, então vou perto. Os pampas se misturam, a culinária se aperfeiçoa! Ah! Estou descobrindo prazeres! Já sei dos meus desejos! Parece fantástico ter certeza. Atravesso a ponte, estou em Santa Catarina. Não é estupendo?! A melhor pizza do mundo, o melhor chope, ou melhor sorvete de frutas naturais, o suco que eu aprendi a fazer. Estou no paraíso. Eu te abraço, eu te beijo. Eu me aqueço. Estou feliz! Pronto! Encontrei um bom motivo. Elizabeth M. B. Mattos – abril de 2022 – Torres

Parece igual! Igual o campo, o infinito ou a beleza! O mesmo olhar! Esquisito viver assim! Viver em cima do mesmo passo, do mesmo sentimento, do mesmo gozo! A mesma beleza! Os infernos tem cores diferentes / os infernos são particulares! Porque as dores / os sofrimentos, os limites! AH! Estes são os mesmos. Tão misturados no igual! Escrever assim, quase às cegas, parece um bom desafio. Sem correções!

de coisas

estas coisas de amar, não são coisas de dizer, mas de sentir.

fico pensando que estas coisas de amar se ensinam, como a falar, como a pensar, como caminhar…

pois é, estas coisas se ensinam…

e a gente aprende, ou não aprende: demorei tanto a me alfabetizar! esquisito lembrar disso!

esquisito lembrar da vida, repassar, e lutar para ficar. Elizabeth M.B. Mattos – abril de 2022 – Torres

Foto: Pedro Moog

pedra lavada

Pedra lavada, escovada, ao sol, ao vento.

Silêncio criativo a remexer o tempo. Como?

Não sei se maior ou se mais grande…

Tempo preguiçoso, cruzado, talvez apressado.

Fio esticado, pensamento a vagar, devagar.

E a voz murmura, não me deixa dormir.

Então, os cheiros ensaboados me consolam. Elizabeth M.B. Mattos – abril de 2022 – Torres

um lugar / outro / mais outro

o deslocamento, um treino, um hábito, destreza

se eu vou solta, solta demais… não sei voltar

aventuras são todas internas, cercadas.

limites são portões, cercas, portas.

depois, depois não apreendi a viajar, e viajando chegar e partir.

esquisitices. Elizabeth M.B. Mattos – abril de 2022 – Torres

Escaliers / escadas

” On ne pense pas assez aux escaliers.

Rien n’était plus beau dans les maisons anciennes que les escaliers. Rien n’est plus laid, plus frois, plus hostile, plus mesquin, dans les immeubles d’aujourd’hui.

On devrait apprendre à vivre davantage dans les escaliers. Mais comment?”

(p.76) Georges Perec Espèces d’espaces

A gente não pensa o bastante / o suficiente nas escadas. Nada era mais bonito nas casas antigas do que as escadas. Nada é mais feio, mais frio, mais hostil, mais mesquinho, nos edifícios de hoje, do que as escadas. (tradução mais ou menos).

Hoje, a importância dos elevadores, dos fantásticos elevadores (espaçosos, posso dizer?! robóticos elevadores impressiona. Ou sou eu saindo da caverna que me surpreendo! George Perec os menciona, eu agarro o texto. E me estenderia! Ah! Dizer, dizer importa. Elizabeth M.B. Mattos – abril de 2022 – Torres

O espaço / o nosso lugar / onde vivemos, enfim, o espaço / ou tempo, sim, o tempo não é contínuo, nem infinito, nem homogêneo… como diz Perec, e nós não sabemos exatamente em que momento, ou onde ele se quebra, ou se curva, onde se desconecta e onde se junta…Atenção, olhar e dizer, tocar, beijar, sentir o cheiro, faz a diferença…E amanhã: Dia Mundial / Internacional da Voz / alerta / o som começa no amor.