Difícil traçar um plano, ou fazer acontecer quando temos todo o tempo, todo o tempo do nosso dia. É justamente quando começamos a nos dar conta que não é o fator tempo que nos impede de agir… Não conseguimos agir por estar/ ser incapaz. E incapaz por ter me dado tanto tempo livre. Esta disponibilidade é que enlouquece. O teu silêncio me deixa enjoada. Simultaneidade de mal estar inexplicável. Se conseguir arrumar as gavetas, limpar o quarto, executar tarefas mínimas, e necessárias todo o corpo corresponderá ao prazer… A inércia nos faz menores, muito menores. Prazer. Será o prazer que corrompe? Toda a relação possível com o exterior é necessária, curativa. Qualquer atividade como caminhar no parque, verdejar a planta do vaso com boa água, e terra preta. Ou podar ansiedades, fazer um bolo, varrer. Lavar. Cuidar do gato. Pensar grande pensando o mundo. Ser gentil com a vida. Andar com os pés descalços, sentir a água no banho como se fosse mergulho no rio, no mar. Enfim, a natureza precisa entrar no nosso corpo. O desejo morno, tão manso que imobiliza é nocivo. Sim. Carecemos do beijo, do afago, do sorriso. As pessoas importam. Não podemos descartar o afeto. Terrível nos dar conta que em pleno poder do amor ousamos rejeitá-lo. É preciso medir. Somos prepotentes até quanto aos nossos sentimentos. Não importa se atravessamos a mata, o abismo do corpo para tocar a lenda… Beber ilusões e desfazer possibilidade. Mas…
A vontade de viver, ser tocada, transgredir parece mais forte do que o selo comportado da moça bem comportada. Presta atenção! Este carnaval de boas maneiras me exaspera! Então quero ser transviada, ou obscena. Esbravejar. Mas o que se entende da vida quando crescemos em quintal cercado? Há que ad infinito adaptar-se. Elizabeth M.B. Mattos –