Protegida pela vida. Sim, sempre a ousar, mas com retaguarda e cuidados. Cabeça nas nuvens ideias próprias e fantasia. Situação particular. Aos 17 anos circulo pelas galerias de arte com interesse e cuidado. REVISTA DO GLOBO abre espaço e publico trabalhos sobre homens-pintores recebo cachê no valor de um livro. Neste ano eu me sinto poderosa e completa. Posso dançar, estar na noite, conversar até amanhecer. Não penso em namorar, mas em trabalho. E o mundo parece ordenado ao meu gosto e prazer. Célia Ribeiro me convida para participar do Jornal Feminino na televisão com uma coluna de sugestões para leituras. Ainda era branca e preta, programas ao vivo. Decorar o texto minutos antes de entrar: Marlene, Paulo e Célia, e a Cristina (tão bonita!) atentos uns aos outros. Uma pauta a seguir, mas também buscávamos / apresentávamos nossas próprias notícias. O programa acontece de segunda a sexta feira. Aos 17 anos eu me sinto gente grande. Estávamos competindo com a TV Piratini, o canal forte da época. O horário é das 18 horas até às 19 horas. A Revista Globo faz uma matéria com fotos ao vivo. Sucesso. Lembro do orgulho ao ser convidada a participar do Jornal das 22 horas com o Lauro. Ganho também o meu primeiro salário. O meu dinheiro. O valor deste começo início: maior do que eu possa explicar. Não esqueço que o pai me levava até o Morro da televisão e ficava me esperando, cuidando. Como se eu fosse a um baile de gala. Ou uma festa no palacete dos Cirne Lima na Avenida Independência. Tia Manoela, se a memória não me falha. Os casarões ainda estavam lá… como Porto Alegre mudou! Eu caminho de mãos dadas com o encantamento. Meu verdadeiro baile de debutantes foi trabalhar na televisão com segurança. E deu certo.
Parei para fotografar, de jeito pouco nítido, notícias de jornal para ilustrar a matéria. Tempo de coluna social de vestir Rui e trabalhar, e fazer acontecer, das ilusões. De leituras até a madrugada. De textos longos e inacabados. Da Aliança Francesa, das Cônegas Colégio Bom Conselho. Dos noivados desfeitos. Desafios. E bailes. Eram os 17 que se preparavam para os 18 anos. E Torres. Os verões na Sociedade Amigos da Praia de Torres (SAPT) coroavam o ano. As fantasias com gosto de sal. Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2018 – memória em Torres, agora meu lugar.
Eu procurava o amor e esperava, como faço ainda hoje. ” Eu te espero”: incrível! Aos 72 anos este amor, o definitivo, não chega. A vida uma passagem de desencontros, onde estão os acertos? Esta matéria é bonita. Jornalismo de Manoel Aranha.
O livro prometido que não aconteceu. Estranho voltar no tempo porque a matéria testemunha a vontade de escrever, de estar engajada, de trabalhar, o gosto pelas letras e pelo mundo. O que aconteceu? Fiquei ancorada em mim mesma, atrelada aos casamentos, e ao gosto da maternidade. Os filhos coroaram sonhos. Afinal, como respondi na entrevista: “o casamento é um acidente pode acontecer ou não.” Que audácia! Bem, eu não tinha namorado.
Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2018 TORRES que me acolheu. Quem diria? É verdade que o Rio de Janeiro tem uma fatia enorme da minha vida. E me deu amigos inesquecíveis como Iberê Camargo Roberto Acízelo Sonia Bastos Paulo Sérgio Carlinhos Lyra Eduardo Costa, e não posso citar assim de cabeça. A Viúva Lacerda, o Humaitá a faculdade de Letras, o magistério no Colégio da Providência, descobertas poderosas de se saber possível. E depois Santa Cruz do Sul, Rio Pardo, e a ULBRA (Universidade Luterana do Brasil) em Torres, sem esquecer Montevidéu, mas não aprendi a falar castelhano. Teimosa.