Céus! Quanto tempo. Embora o espírito e o que guardamos lá dentro … espírito ou sei lá como se diz permaneça criança imaturo ou festivo inquieto sei lá como é … Insatisfeita sigo em marcha razoável …, um dia depois do outro a envelhecer. O sol deste abril festivo me deixou jovem. Ledo engano. Apaixonada rejuvenesço. Mentalmente converso contigo. O meu ogro príncipe. Dou-me conta da teia. A rede a carta a voz o alerta. O desejo. Mundo fantasia arrumado organizado imaginado confortável sobrevivente amado. Não temos caixa postal nem barco nem imaginação nem braços nem tempo, … nem tintas e papel, nem selos e força. Eu do lado de fora do lugar certo, cerca viva, arame farpado, açude, mato. Armadilha e medo separam. Busca sem sentido. Estás no meio do mar verde da tua escolha. Do possível. A salvo, eu te digo.
E … releio Sabine & Griffin – Uma Correspondência Extraordinária. A trilogia me pegou/agarrou.
Leio releio volto a ler penso e te encontro. Inteligência e percepção: relação preciosa. Quem sente, e ou sabe quem somos, sou: desenho. Eu me apaixono pelo ogro não aos 17 anos ou 18 anos nem aos 15 anos porque distraída e contida. Ser feliz alegria importa. E verde não é apenas a cor. Tem azul tem branco tem preto. E o mar não termina, não se derrama, enfeitiça. Gabriel Garcia Márquez: “uma superstição, que cultivo até hoje, de contar uma história e escrever outra, para que não se saiba qual é qual.” (p.358) in Viver para Contar. Jogo e vida, a mesma coisa. Sentimentos misturados no susto de estar vivo alerta ao efêmero. Careço de vida, mas enquanto a vida não chega, e não me abraças, escrevo. Escrevo espero. Tiro tudo do lugar: ficção e vida. Um equívoco, também me assusta. Careço de vida, mas enquanto a vida não chega, e não me abraças, escrevo. Escrevo espero. Tiro tudo do lugar: ficção e vida. Um equívoco, também.
Relação amorosa ciumenta, e estreita. Complicado e difícil. O sensato equilíbrio do afeto se espicaça. Pode ser assim transloucada distorcida insatisfação. Sem quietude interior a vida se agita estrangulada. A turbulência esquece contorno ponto, caminho. E a doença chega disfarçada, calor frio dolorida. Imprecisa. Dor, uma soma. Divisão = resultado na infelicidade na insatisfação. E.M.B.Mattos Torres – abril de 2018

Sabine
29 de set
Quando você me achou, pensei que minha solidão tivesse acabado. Mas estava enganado. Desejo ardentemente sua companhia. Há trés dias não falo com ninguém. Eu tinha certeza de que começaria a ver seus desenhos. Tenho me esforçado tanto. Tenho me concentrado, meditado, tenho feito menos plantar bananeira, e não consigo nada. Nem de relance. E acho que meu próprio trabalho está envelhecendo. Há semanas não produzo nada que valha a pena – e meu estômago dói. Patético, não é? (não estou)? Mande – me alguma coisa das ilhas. Alguma (coisa) mágica que cure minha alma poente. Como posso sentir tanto sua falta se nunca nos encontramos? Com amor Griffin
29 de abril 1996
“Não sei se é tristeza ou depressão. Mas é assim que estou hoje, segunda-feira, 29 de abril. E assim estive ontem, domingo, quando te telefonei. Tristeza ou depressão? O que nasce primeiro – a galinha ou o ovo?[…] Sinto-me sem finalidade. Ou, talvez melhor, sem ânimo para nada.’desganado’ diz -se em espanhol. Abúlico, em bom vernáculo. Valerá a pena interessar -se por alguma cousa na vida? Contraditório e paradoxalmente, porém, qualquer esmolinha de vida me devolve a vida e me começa a apagar a sensação de tristeza ou depressão. O problema é que a esmola não vem. As pessoas são desinteressantes, oportunistas, interesseiras. (“Desinteresse? Não creias / seja de quem e a quem for / o sangue que tens nas veias / veio de fontes alheias / por um interesse, o amor” – creio que é Hermes Fontes e o sei de cor desde menino).[…] Não sei o que fazer de mim. Não estou bem aqui, nem sequer estou aqui. Mas quando estou no lugar, tampouco nele estou, tampouco estou bem. Creio que meu problema é viver. A vida repetida na vida é enfadonha, cansativa. Cansar – te – ei se repito tudo o que te gosta e tu me gostas, tudo o que te amo e tu me amas. Só não canso de estar contigo, de te amar, […] “F. Tavares
E retomo o texto. O mesmo. Céus! Quanto tempo. Embora o espírito e o que guardamos lá dentro … espírito ou sei lá como se diz permaneça criança imaturo ou festivo inquieto sei lá como é … Insatisfeita sigo em marcha razoável …, um dia depois do outro a envelhecer. O sol deste abril festivo me deixou jovem. Ledo engano. Apaixonada rejuvenesço. Mentalmente converso contigo. O meu ogro príncipe. Dou-me conta da teia. A rede a carta a voz o alerta. O desejo. Mundo fantasia arrumado organizado imaginado confortável sobrevivente amado. Não temos caixa postal nem barco nem imaginação nem braços nem tempo, … nem tintas e papel, nem selos e força. Eu do lado de fora do lugar certo, cerca viva, arame farpado, açude, mato. Armadilha e medo separam. Busca sem sentido. Estás no meio do mar verde da tua escolha. Do possível. A salvo, eu te digo.
E … releio Sabine & Griffin – Uma Correspondência Extraordinária. A trilogia me pegou/agarrou.
Leio releio volto a ler penso e te encontro. Inteligência e percepção: relação preciosa. Quem sente, e ou sabe quem somos, sou: desenho. Eu me apaixono pelo ogro não aos 17 anos ou 18 anos, nem aos 15 anos porque distraída e contida. Ser feliz alegria importa. E verde não é apenas a cor. Tem azul tem branco tem preto. E o mar não termina, não se derrama, enfeitiça. Gabriel Garcia Márquez: “uma superstição, que cultivo até hoje, de contar uma história e escrever outra, para que não se saiba qual é qual.” (p.358) in Viver para Contar. Jogo e vida, a mesma coisa. Sentimentos misturados no susto de estar vivo alerta ao efêmero. Careço de vida, mas enquanto a vida não chega, e não me abraças, escrevo. Escrevo espero. Tiro tudo do lugar: ficção e vida. Um equívoco, também me assusta. Careço de vida, mas enquanto a vida não chega, e não me abraças, escrevo. Escrevo espero. Tiro tudo do lugar: ficção e vida. Um equívoco, também.
Relação amorosa ciumenta, e estreita. Complicado e difícil. O sensato equilíbrio do afeto se espicaça. Pode ser assim transloucada distorcida insatisfação. Sem quietude interior a vida se agita estrangulada. A turbulência esquece contorno ponto, caminho. E a doença chega disfarçada, calor frio dolorida. Imprecisa. Dor, uma soma. Divisão = resultado na infelicidade na insatisfação. E.M.B.Mattos Torres – abril de 2018

“Porque não te escrevo, se a tentação permanece? O medo insistente do desencontro entre as palavras e a vida. A dificuldade do despojamento por transitar entre ideias e sentimentos; os do passado repletos de enganos, idealizações , fugas e desapontamentos. Os do presente , vigiados pelo cuidado em repetir os velhos erros.
A enorme distância entre o que se quer, o que se deve e o que se pode. Enfim; como viver uma relação dividida ; ainda que sob o esconderijo do texto. A admiração e reverência são resíduos insuficientes num universo masculino, onde o fazer ainda prepondera sobre o sentir.” Geraldo Lima
“O absolutamente perfeito não serve. Carece dos detalhes imperfeitos que, em verdade, tornam as coisas perfeitas. Uma árvore perfeita, erecta, não parece uma árvore, mas sim um poste enfiado na terra pela natureza. Para ser perfeita, terá a árvore que cair ou para a esquerda ou para a direita, esganiçar -se de um lado. Em suma: deve ter um grãozinho de imperfeição para ser admitida como perfeita. Assim é nosso amor. Ou o amor que te posso dar. O que é tudo o que eu tenho.” Flávio Tavares
Careço de vida do movimento. Enquanto a vida não chega, e não me abraças, escrevo. Escrevo espero. Tiro tudo do lugar: ficção e vida, equívoco, surpresa, memória, encontro e conexões. Deve estar tudo/ nada muito certo. E.M.B. Mattos