[…] este dia de sol traz / arrasta o calor da estação. O vento escabela e salpica de sal meu rosto. Os olhos ardem, mas o nublado é interno, na alma. Esfrego / reviro o tempo acovardada. Acomodada na memória com a preguiça e a gentileza que a idade permite. Inteligência desmaiada inquietude curiosa e infantil. A juventude arrasta evidências, fatos e se acomoda nas pequenas realizações transparentes. Enumero o prazer de trabalhar atrás das câmaras, de escrever para a Revista Globo. Colar figurinhas, brincar com moda em bonecas de papel, e correr …, eu pensava ser eu por inteiro, era metade. Sombra diminuta. Tanto sol e vontade alegre! Desta alegria tenho saudade. E de Torres da Tatuíra e da Marisco. Das cartas. Das mesas espalhadas pelo SAPT a nos acolher nas férias de verão. Dos filmes e das cadeiras soltas no salão. Dançar. E tudo a rimar com coração. Elizabeth M.B. Mattos – outubro de 2018 TORRES azul.
“[…] a atmosfera é de um azul-marinho muito escuro; as cortinas se agitam; nos quartos. as lâmpadas se acendem para serem apagadas logo depois, deixando atrás de si um rastro alaranjado que brilha nas reminiscências da melancólicas, misturadas a um sentimento de culpa que esse rastro acabará despertando na memória, quando ela retornar a essas mesmas janelas e essas mesmas imagens … Nossas vidas são muito curtas, nunca vemos muita coisa, e sabemos menos ainda. Pelo menos, então, devemos sonhar.(p.243) Orhan Pamuk O Livro Negro