beleza

“A beleza do mundo é tudo aquilo que aparece em seus elementos singulares como as estrelas no céu, os pássaros no ar, os peixes na água, os homens sobre a terra.” Guilherme Conches / “A Beleza é Verdade, a Verdade, Beleza” – isto é tudo o que sabeis na terra, e tudo o que deveis saber.” John Keats “O Belo é sempre bizarro. Não digo que seja voluntariamente, friamente bizarro, pois, em tal caso, seria um monstro fora dos trilhos da vida. Digo que contém sempre aquele pouco de estranheza que o faz ser particularmente Belo.” Charles de Baudelaire

Ummberto imagem belao livro inteiro ECO

misturado

31 de julho de 2020. Ando brigando/discutindo/ esgrimindo com a memória. Lembranças atabalhoadas, misturadas. Depois, o agora/presente, volto. Uma noite inteira com a visita delícia. Bebemos água, comemos as frutas da geladeira. Escutamos música. Adolescentes… Volume alto. Conversamos. Rimos de amigos viajantes, mesmo ao se deslocar na primeira classe,no luxo.Férias na Suíça, reclamam de Paris. Reclamam do céu. Nós dois, nos intoxicamos com risadas, enfiados nos pijamas. Gostamos. O que me atrai são teus olhos castanhos, mas reclamo que engordaste! Tu não te importas com os meus cabelos brancos. Elogias a pele, nem reparas que também eu engordei. Estamos juntos. E a porta fica aberta… Elizabeth M.B.Mattos, saindo de julho. Inverno com sol e já a temperatura subindo. TORRES.

bandeja e vermelhos

querido amado

FOTO BELÍSSIMA

Desabafo não resolve. Estranho como careço de te falar, estar contigo! Não compreendo. Não sei o porquê do feitiço. Não sai e não me liberto. Ah! Viraste meu querido amado, e o único! Sim. Eu imagino como teria sido encontrar a loucura contigo!  Eu mereço o sonho virado de ser. Enquanto falas eu vivo. O engraçado desta história é a tua genuína/absoluta felicidade achada. Estabilidade alegre. E o meu susto quando tenho a mínima oportunidade de falar, emudeço. Só vale o beijo e o abraço. A meninice. Fechar os olhos. A mágica? A mágica  foi esquecer os outros amores amados, afogar todos.

Não existe um único amor, engano, existe aquele que apaga todos os outros… Os lápis desenham, escrevem, embelezam e colorem, a borracha vem correndo atrás, e o papel enlouquece. Uma página, outra e a floresta grita. Sou eu. Anda! Vem me buscar. Tu me abraças depressa demais, a noite passa assustada com medo de dormir. E já estás indo…Saudade. Sinto o teu cheiro cheia de saudade, e faz frio aqui, mais, mais, mais. Elizabeth M.B. Mattos – julho de 2020 – Torres

COLEçÂO apenas lápis adorei

detalhe

SANTA BELÍSSIMA FOTO DAS MÃOS

Detalhe das mãos, não, não sei o detalhe… É muito mais. As cores, o entalhe. As voltas do branco. A beleza imagem, e o meu silêncio. Nem sempre, quase nunca, quase nunca consigo esvaziar meu tempo para estar no papel, na letra, na necessidade de fazer…Inquietação excitada. Depois posso voltar e te escrever…Espera um pouquinho, estou chegando. Beth Mattos – julho vai terminar hoje, e ontem Pedro fez aniversário, meu menino. 2020

jogo de amor

LINDISIMA COM QUADRO E CRISTALGelado. Inverno cartão de visita. Mas eu não vou, tu não vens. Imagino lareiras acesas e fogo alegre. Cães por perto. Tuas caminhadas apressadas pelo campo. Canecas de café. Tempo nas cobertas, enroscado. Experiência de sol festivo, sem aquecer. Reparaste na floração do pomar?

No meu caminho pitangueiras cheirosas: flores miúdas braçada de noivas. A geada veste o amanhecer. Com a carta eu te envio fotos. Escrevo ainda nas cobertas, estufa e o gosto do café cheio de preguiça, Pão dormido.

Sigo no meu jogo de xadrez: arrumo aqui, espalho ali, seleciono estes, e a poeira me surpreende. Enquanto faço penso nas flores e ouço tua voz. Logo estamos outra vez deitados no sono. Antes, a misturar risadas. Este envelhecer juntos foi a melhor coisa que me aconteceu no Rio Grande do Sul. Voltar para casa, surpresa da nostalgia… Beth Mattos – julho de 2020. Torres

da vida…

…meus sonhos se acomodam bem na vida, sem grandes escolhas, nem projetos, removi uma pedra de cada vez, e plantei…  Floresce. A cada novo galho, entusiasmo. Estou viva! Beth Mattos – julho de 2020 – sempre Torres, e eu gosto.

preguiça espaçosa

Consegui duas sonoras palavras para me descrever. Lenta e preguiçosa. Não dentro de casa, não para o fazer doméstico: faço. Limpo sento levanto, brinco. Carrego coisas de lá para cá: engraçada figura. Subo e desço as escadas, vou ao gramado, e me penduro na janela. Pano no vidro. Espio. Volto para a cadeira. Penso. Sinto frio, depois calor. Aqueço a casa, depois…, pois é, (não fico quieta). Bom que sou eu comigo. A preguiça toma/engole/mastiga, engorda. Leio mais, mas é preciso escrever, fico/estou a me recriminar. Escrever, escrever. Cavar palavras, enterrar outras. É preciso escrever. Remexer, consertar o texto. Reler. Reescrever. No teclado a energia se multiplica, ou deveria se multiplicar. E não se trata de imaginação. O mecanismo não pode parar. Gostei da resposta de uma primo a perguntas formais: como estás? ( perguntei), o que andas fazendo? Bem foi a resposta. Escrevendo…, gerúndio, ação continuada. E a conversa terminou. Correto. Escrever antes de ler, ou depois de ler. Engraçado. Quando mergulho nos livros, escrever pode ser apenas um espelho de citações. A escada. Um processo diferente. Enfim! Consegui… Falar, falar não é possível. Se afundar em conversas não é possível. A cada um seu método. Preciso de silêncio, e empenho. Beth Mattos – julho de 2020. Voltou o frio. Chuva molhada e prazer enlouquecido.  Uma foto? Pois uma foto pode ser mesmo uma conversa. Conversa longa, eloquente, reticente. (risos) Nada substitui nada, mas pode ser um abraço. Uma foto.

Le DÉSERT DE L'AMOUR capa laranja

Jean-Paul Sartre /o tempo

Nunca tive aventuras. Aconteceram-me histórias, fatos, incidentes, tudo o que se quiser. Não é uma questão de palavras, começo a entender.[…] As aventuras estão nos livros […] Eis o que pensei: para que o mais banal dos acontecimentos se torne uma aventura, basta que nos ponhamos a narrá – lo. E é isso o que ilude as pessoas: um homem é sempre um narrador de histórias, vive rodeado por suas histórias e pela histórias de outrem, vê tudo o que lhe acontece através delas; e procura viver sua vida como se a narrasse. Mas é preciso escolher:viver ou narrar. […] Como se pudesse haver histórias verdadeiras; os acontecimentos ocorrem num sentido e nós os narramos em sentido inverso.” (p. 64-65 e 66) Jean-Paul Sartre – A náusea

Na aventura o tempo passa/voa, “na aventura sentimos o tempo passar – quase tocamos a possibilidade de fazê – lo parar pois tudo está preparado para acontecer a seu tempo, a sua hora como nos casos amorosos. Se eu me esconder num lugar pequeno, mas meu -, acho que pode dar certo.”  [p.190]

Caderno azul: cheio de recortes. Ano 2004

A vida é muito importante para ser levada a sério.

Se soubéssemos como nossas palavras são mal interpretadas ficaríamos mais tempo em silêncio“.

Uma noite acordada, uma foto a girar, um recorte de jornal, a história a ser contada, aos pedaços, e toda agitação amorosa se desloca, inquietação estúpida, onde está minha lucidez? E o céu está igual, o inverno rigoroso (como eu gosto), o verão vai ser quente. Os livros estão aqui, as leituras interrompidas. Os velhos diários trocam de lugar. Eu volto nos anos, depois fico te olhando…e te espero. Faz sentido?

A coerência é a verdade dos imbecis.”

“Não deixes de perdoar teus inimigos, nada os aborrece mais. Nenhum homem é suficientemente rico para comprar seu passado.”

Foi uma noite de migalhas, uma noite encolhida, mas o dia passou cheio e iluminado. Estou forte. Estás forte. Conseguimos, ainda é julho! Beth Mattos (troco teu olhar pelas dúvidas, e as certezas por uma fotografia.) 2020