O pensamento é uma sensação, não é mesmo? Através do contato e da percepção está a sensação, e dela nasce o desejo, o desejo e a escolha. A minha escolha, a tua escolha. Quando nos pensamos (eu te penso e tu me pensas) temos a sensação de proximidade, de experiência e de poder. Derrubamos os muros reais, e também os ilusórios, e os invisíveis. A palavra chega como uma bomba! Explode dentro, fora, e o dia fica contaminado /impregnado de amor. O desejo é o começo da identificação, do que é meu, ou também do que não me pertence. O conflito surge como obstáculo, como sensação. O pertencimento se complica, se atrapalha… Ou porque envelhecemos / ou porque nos acovardamos, não ousamos. Não. O motivo é não ser livre, não estar/ser sozinho para escolher / decidir, mudar de direção. Estas escolhas são todas jovens. Arriscar. Neste tempo de vida a viver /conviver com companheiro certo (imaginado escolhido como certo), não nos permitimos sair por aí a experienciar / escolher outro sonho / ou tornar real uma fantasia. Sair de casa, atravessar a rua, abrir outro portão, atravessar o jardim, bater na porta / esperar e dizer. Oi! Estou aqui. O pensamento é a sensação verbalizada, resposta a memória, a palavra, a experiência, a imagem. Quanto te digo estas coisas, estou vivendo contigo. Estou sentada ao teu lado, olhando nos teus olhos castanhos, sentindo o teu cheiro e falando. Tu me ouves. De repente tu me tocas, e me fazes calar. Não intelectualiza o sentimento. Fica quieta Beth, não diz nada. Elucubrações. Estás sempre a fugir do sentimento. O pensamento é transitório, mutante/ cambiante/ alternado. Ele não é permanente, embora procure todos os dias, todas as horas se firmar e te pensar. Desejo /quero o permanente. E estamos nele. Entramos corajosamente neste desvio e avançamos. Passou um ano, não importa, foi ontem, não importa. Estamos sempre emaranhados e embretados ao mesmo tempo. Responder ou não responder as minhas cartas não importa, eu respondo como uma cascata, jorrando sem sentindo, desconexa, uma água que explode não se sabe de onde. Água jorrando. E deixamos água correr, e nos banhamos na imaginação fresca e somos/ficamos jovens, aliás, és tão mais menino! Eu já te disse. Estou eu na tua imaginação. Se fôssemos nós, talvez nos perdêssemos um do outro. O tempo físico, real não é tempo. E se não me respondes, igual eu te penso, bordo, recorto, cozinho, durmo, acordo, faço nada e te penso. Igual eu te penso. E a coisa vai explodindo/ explode por dentro. Quero te ver, tocar, atravessar o portão, falar contigo sobre nada. Sobre…Quero te escutar. Juro. Prometo ficar quieta, estar perfumada. Não vamos ser quem somos, vamos brincar de ser quem fantasiamos ser. Vai que dá certo e…Elizabeth M.B. Mattos – fevereiro de 2021 – Torres oxalá leias, oxalá saibas que eu te escrevo fantasiada de azul, amorando.

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But where can I go from you