entusiasmo tímido

As histórias estão enfiadas, embutidas, escondidas umas dentro das outras: nada que se possa contar tem clareza, ou certeza, um emaranhado de cores e traços, e linhas e becos. A lucidez, a transparência faz o efeito múltiplo… Tem / ou possui/ sabe/ conhece tantas possibilidades! / – histórias soltas dentro / fora das pessoas, nos livros, nos filmes… Plural mágico que evapora e volta como chuva, tempestade, dia de sol, ou ventania…

Aquela memória esperta que sente o cheiro da sopa e atravessa a sala saltitante para se sentar / ou deitar no tapete da sala a se regalar com as chamas do fogo. Ou acompanhar os derramados e desesperados soluços dos nós de pinho. No entusiasmo de uma pergunta tímida que está presa na curiosidade boa de entender a história que veio antes / a semente daquele jardim, o colorido, a tragédia das feridas. Basta uma palavra…ou aquele silêncio inesperado, enorme. Elizabeth M.B.Mattos – junho de 2023 -Torres

esplendor

um dia a explodir na luz e com beleza / diferente de todos, hoje

o mel e o café, a vontade boa de existir, espreguiçar… tanta energia

eu te abraço devagar no silencio particular de sermos dois neste uno

alegria tem fonte, abro os olhos trocando o colorido, traços,tintas,

ah! quanto prazer! quando silêncio neste murmúrio amoroso! Elizabeth Menna Barreto Mattos – junho de 2023 – Torres

Para Zé: as flores, para Luiza o caminho

o caminho é respirar, absorver o sorriso da palavra para depois sentir o abraço, mais tarde, emoção fraturada pela pequena e também pela grande dor.

revirar tudo, lentamente, despetalar na lágrima que pinga, pinga, pinga e te cura,

despetalar,

desfolhar, desvendar…

andar, meu querido, arrancar a tristeza estúpida da ausência

constrangimento alheio, estrangeito, imposto. Elizabeth M.B. Mattos – junho de 2023 – Torres

liberada pelo sono sonho

sonhei a libertinagem (banho de liberdade/nenhuma angustia emprestada / nem as minhas / uf! que alívio) e o sonho amoleceu o corpo num alívio completo sem pressão ou sentido, e eu podia apenas ser eu a dormir, virar, acordar, voltar: os travesseiros, todos a me acolherem,e, os espíritos me deixaram eu comigo. a sombra desta amiga, dequele amigo, daquelas crianças, aqueles animais, fora, fora de mim, e a cabeça, finalmente, esvaziada sem exigência, que alívio… ponto zero. não sou nada nem ninguém, eu me entrego. ah! como preciso! não vou acordar, morrer deve ser assim…ir Elizabeth M.B. Mattos – junho de 2023 Torres

vaidade insegurança

dois caminhos sem volta / não concluem nada. o excesso de vaidade não permite que o melhor avance, escorrega; e a insegura, pois é, a pessoa insegura não consegue empunhar a lança, não luta.

assim, debruçada num passado ingenuo, o alagado do choro, o lamento, embora o motivo, (Xico Stockinger) fosse o bom começo. mas o livro se pedeu… Elizabeth M. B. Mattos – junho de 2023 – Torres

SERGIO FARACO

“Quem eram aquelas criaturas, tão estranhas como eu não vira na Armênia e tão sujas coo não vira em lugar algum? Olhando nos olhos delas, tinha-se a impressão de que não olhavam para nada, que seus olhos estavam mortos, ou então que olhavam para longe, para um lugar que só elas viam e onde, afinal, esperavam ver alguma coisa e não viam coisa alguma. Eram como fantasmas em busca de um milagre para entrar no mundo dos vivos.” (p.65)

Lágrimas na chuva é um livro confessional que emociona e ensina, trazendo à tona retalhos da cena política já quase submersos no turbilão dos acontecimentos que inundaram este começo de século. E traz, sobretudo, a marca do grande narrador: em cada linha, cada imagem, cada episódio, comparece a mão firme deste que é um dos maiores escritores brasileiros em atividade. Os Editores

Lágrimas na chuva UMA AVENTURA NA URSS

“Lágrimas na chuva” – Sergio Faraco – presente do Lima (06-04-2002) – Porto Alegre – Garagem de ARTE

sem conversa

sem conversa em casa com pai e mãe, sem família, sem certidões e contos contados se perde a história se simplifica tanto que nascemos do feijão que brotou no canteira em baixo da janela, quase ao acaso, nenhuma ideologia / nenhuma fantasia nova deve apagar o rastro verdadeiro. complicado pensar que no calor de um ideia nos desfazemos de tudo… tudo que importa se desenha novo. perdemos tios e primas, cidades, lutas e conquistas, algumas fatias desaparecem.

quuero saber / pesquisa, minha filhaLuiza vai coturar o caminho e explicar ALVES DE ATHAYDE

rouxinol

repentinamente ele abriu as asas para voar e subir para os ares, passou pelo bosque como uma sombra e, como uma sombra deslizou pelo jardim…

sombra, quando constato que de fato, o que resta de tanto é apenas a sombra… eu me concentro no canto do rouxinol.

igual o tapete vermelho e as honrarias definem, tenho as mãos amarradas, e a vontade espicaçada, perdi. O canto, a música deve salvar desta desordem. Elizabeth M.B. Mattos – junho de 2023 – Torres