fora do eixo, no eixo, com certeza

Conhecer quer dizer: referir ao conhecido, perceber que uma coisa desconhecida é a mesma que outra já conhecida. Um chão firme onde tudo repousa. Negativo. Nada está no devido lugar porque não existem lugares certos, nem pessoas certas. Nem acertos, mas competição. Estou exausta porque não há paz, nem repouso. Aquela alegria frouxa de acreditar. Estar em paixão em amor ou querer bem. Esquesitices da vida. Macarrão instantâneo, muita manteiga, o queijo pode estar ali, ou não estar… São as esquisitices da vida! Quero te escrever, voltar, e não consigo. Não por falta de desejo ou encantamento… Mentira. Acabou a expectativa. Exatamente isso, o lado fantasia / máscara / hipóteses e conversa, longa conversa, desmorona na mesmice. Arrumaste tudo nas prateleiras, tua risada, teu medo, tua resiliência. E não é nada disso, mas o mesmo palavreado, a mesma coisa. Vou esperar. Esperar e embaralhar as cartas. Elizabeth M.B. Mattos – agosto de 2023 – Torres

Honesta, ingenuamente, do desconhecido que me cerca, de onde venho, para onde vou. Eis que é mesmo o desconhecido, onde estás? Da tua noite nõ sei nem posso saber, Itália… Suponho que este desconhecido se zangue com o meu sentimento, ou acorde no meu acordar e respiramos juntos. A nostalgia tem um gosto de eterno.

gostar

Gostar do outro seria estar/entrar/participar do sentimento do outro, do fazer… Uma troca ou o espelho. Engraçado como amigo não sabes da cor, nem do dia que acordou, nem do meu desejo. E tem esta coisa de procurar, procurar por tuas referências, as achadas e as perdidas. As conversas os acertos, as tais escavações… A Mata Amazônica! A grande reserva. Depois vem os acertos de contas, pequenas ou inventadas histórias de sensacionalismo e todos aqueles acasos. Quando me tiravas para dançar, quando me levavas para passear, ao cinema, e os famosos almoços de domingo no Country Club, com direito as espichadas tardes. E as cadeiras móveis do cinema na SAPT, as gincanas, nosso mar, nossa praia e as tardes na Guarita. O avião dando sinal. As distâncias que eram tão perto. O golfe no morro… E estávamos entregues: a vida arrastou nossas fitas coloridas, e deixamos rastros. Acho que éramos apressados, um pouco desleixados, talvez. Era tão fácil! Ao mesmo tempo, meu querido, se fôssemos recordar bebendo um suco de laranja, uma água mineral ou beliscando as uvas o tempo se fecharia numa tarde. Não li todos os livros que gostaria, nem escrevi o pensamento, tu viajaste pelo mundo, todo, completo, inteiro porque te foi devido. Soubeste correr as corridas possíveis e escolher o rumo, conhecias as estradas… Também fomos açoitados. Eu sei. Ninguém escapou. Elizabeth M.B. Mattos – agosto de 2023 – Torres

outro lado do desejo

Luxo da boa comida feita com nossas mãos. As margaridas do jardim, a música ou o radio do vizinho. As vozes e também as viagens… Com certeza a revelação do outro lado do mundo. As cerejeiras do Japão, as escadas lavadas e a roupa no varal. O teu beijo. Meu amigo de sempre com suas máquinas velozes: sorriso e gargalhada. Deu saudade das tuas gentilezas. Elizabeth M.B. Mattos – agosto de 2023 – Torres Acrescenta as minhas queixas, sempre fui de resmungar. Hoje dia / vontade de dizer não esqueci nada. Saudade da tua casa, da tua avó, de tua mãe, é claro, e da tua alegria. E da tua visita surpresa.

nudez

pessoa fora do contexto / o outro lado da calçada. a conversa solta: desgoverno e verdade, a tal exposição… contudo, todavia sem vitrine. exposição. posição de alerta ou de recolhimento? a timidez se esconde no medo. o medo se afunda no pânico descontrolado. o peso da palavra medido pelo som da voz: acaso decisivo. outra calçada / outra janela / outra caverna / outro caminho. esquisita sensação de nudez. despir-se… Elizabeth M. B. Mattos – agosto de 2023 – Torres

Foto: Pedro Moog

despedida com cheiro de encontro

a cidade conta a estória. eu caminho sem tropeçar, ainda. a memória saltita, pulinhos e e se entusiasma na brincadeira. muito bom! conserto as histórias. pontuo melhor o texto. escuto o piano, a flauta me atropela, e os músicos conversam em voz alta… escrever e conversar / ouvir para dizer, voltar e seguir porque estás lá. reler para não errar ortografia, pontuação, sintaxe. Elizabeth M. B. Mattos – agosto acerelado este de 2023 – Torres

momento certo

A barulhada aqui, parece, deu trégua. Estou tirando o sono da gaveta. Aproveito o dia para molengar um pouco.
Molengar no silêncio / coisa de trégua de pacífico e reconforto. A leitura respira. Elizabeth M.B. Mattos – agosto de 2023 – Torres