
Deve ser um velho texto, de personagem desenhada… Reflexão de escrever / tentar. Eu escrevia escrevia com febre de escrever: o tempo todo, todo tempo… Releio o impresso… reescrevo / transcrevo, não resisto.
Mulheres da idade dela, entre vinte e cinco, trinta, ou trinta e cinco anos não querem filhos um atrás do outro, feito coelhos, mas trabalham, e fazem, sonham com viagens, férias lazer, férias de ano inteiro, ou teatro, cinema, musicais, espetáculos!
A palavra mãe está um pouco enlouquecida ela mesma. Ser mãe é perder referencias internas importantes. Como mulher eu sou eu, como mãe, sei lá, desdobrar. Desdobrar, quer queira, quer não queira… Embalar. Ser mãe é misturar sentimentos, cair em abismos, acordar no susto, perder identidade. Ser mãe é fazer o filho sofrer enquanto de prazer ele te cobre. Misturar agrados com punições. Palavras com gestos desastrados. Ou desastrados gestos com palavras pesadas. Digo o estranho, o errado, na hora imprópria. Eu me torno mulher, num repente, fêmea, quando deveria ser apenas braços para acalentar e cabeça razoável para aconselhar. Uso a roupa da moda: os homens olham e gostam. Mãe não deveria estar na mesma calçada, na mesma mesa, na mesma cama, casa. Talvez engarrafada com o gênio Aladim: um grito e ela chegaria solícita e pronta, transparente, silenciosa e possível. Palavras. Sim, palavras: mulher, mãe, discurso, palavras complicada, simplificada. Justo ou justo? Como mãe a gente sempre avança… Eu avanço na linguagem e volto a pensar nas brincadeiras de criança. Mamãe posso ir? Quantos passos? Virávamos as costas e depois corríamos… Como era mesmo a brincadeira? Quem chega primeiro ganha. Elizabeth M.B. Mattos – março de 2024- Torres


