…, a cada um seu sonho com cerejeiras… Beth Mattos
Mês: março 2024
renda
Fragilidade no/do corpo – uma renda. – Pode ser resistente, ou frágil, linda, forte? Aonde a beleza? ‘Interno, por dentro, a ‘loucura’ do pensamento… Avanço retardo, estranha sensação, vontade de ser ‘visitada’ por dentro, por fora: exame médico. Revisões, certeza de que tudo está bem, ou muito bem: o medo retarda visitas regulares aos médicos, atraso emocional… E penso na renda, as rendas preciosas rústicas, e as delicadas e perfeitas… O corpo como uma renda… É o momento de repensar / revisitar e desejar a coragem / altivez da juventude! Medo covarde deste envelhecer…O vigor do corpo importa! Qual será a nossa medida? Elizabeth M.B. Mattos – março de 2024 – Torres

convicções
“Tenho podido viver de acordo com minhas convicções. Politicamente, acredito que não pode existir uma sociedade decente sem liberdade de crítica: a grande tarefa de nosso tempo é uma síntese de socialismo e liberdade. Filosoficamente, creio que a vida do homem se reduz, em última análise, a uma fé – cujos fundamentos estão além de qualquer prova – e que esta fé é uma questão estética, um sentimento de beleza e harmonia. Acho que todo homem Pigmaleão de si próprio. E em recriando a si próprio, bem ou mal ele recria a raça humana e o futuro.” I.F.Stone

Pigmalião, é uma peça teatral escrita em 1913 por George Bernard Shaw, que conta a história de uma mulher do povo transformada em mulher da alta sociedade. A peça conta a história de Eliza Doolittle, uma mendiga que vende flores pelas ruas escuras de Londres em busca de uns trocados.
Pigmaleão, na mitologia grega, foi um rei da ilha de Chipre, que, segundo Ovídio, poeta romano contemporâneo de Augusto, também era escultor e se apaixonou por uma estátua que esculpira ao tentar reproduzir a mulher ideal.
filhos, netos, chocolates juntos
insônia -, a festa começa nos detalhes, nas beiradas da saudade , no pensamento escondido, nem me mexo… é muita beleza junto! Elizabeth M.B. Mattos – março de 2024 – Torres – Pernambuco – Rio de Janeiro – São Paulo e Rio Grande do Sul…
almas
Os livros / o corpo cheio de letras com boas e péssimas histórias… Alguns tentativas, outros fracassos, outros -, a rir, nem compreendem ou cabem no próprio sucesso. Os livros e suas almas… Será que a gente / nós pessoas, eu Beth, entendo de alma? Teria acreditado em converter / professar, ou viver e desejo se confundem? Alma e corpo – escrever e ler, tocar é mesmo sentir? E o gozo atravessa o corpo ou se faz escorregadio, ou existe antes ou depois… na minha incompreensão? Divagações. Elizabeth M.B. Mattos – março de 2024 – Torres no meio do dia, ainda na Lagoa do Violão
em gotassss
Em gotas o sono, com passeios curtos ao jardim, uma mensagem solta na noite. Um soluço da Ônix ou uma saudade perdida… Eu cato saudades para medir o tanto e o quanto a vida se desdobra…Hoje comprei um piano. Contra tudo e contra todos. Chega nesta semana. Sempre desejei ter um piano ao alcance dos meus dedos. Mão pequena, sem oitavas, é certo, mas o som, a possibilidade me faz soluçar de feliz! Com minha pequena biblioteca, o meu pequeno e majestoso piano! Nunca sonhei obedecer, nem ser limitada, nem muito cortejada (no limite), cortejada no limite da extravagância, então, tua risada displicente, ao acaso, me conquistou. Então eu te amo e em gotas nos amamos. Temos o pequeno paraíso das certezas, e agora, o meu piano… obrigada. Elizabeth M.B. Mattos – março de 2024 – Torres
Experiência
MORTE
“A morte após uma longa doença é algo que podemos aceitar com resignação. Mesmo a morte acidental podemos atribuir ao destino. Mas um homem morrer sem nenhuma causa aparente, um homem morrer porque é um homem, nos leva para tão perto da fronteira invisível entre a vida e a morte que não sabemos mais de que lado estamos. A vida se transforma em morte e é como se essa morte tivesse possuído essa vida o tempo todo. Morte sem aviso. Em outras palavras: a vida pára. E pode parar a qualquer momento!” (p.11) Paul Auster A invenção da solidão
Faço uma caça ao amor / ao estado de viver, respirar… Eu me volto para o solto, o possível, talvez o inesperado. Aquele que estende a mão, e sorri: delícia do momento… Difícil explicar. O vício de espiar, de sentir chuva no respingo: catar palavra, prestar atenção! Não. O mundo não era meu, para mim, mas existia: o olhar apreende… Agora, tudo é meu. Amo no outro o invisível… Afinal, amo aquilo que imagino ser fantástico: olhos azuis, gentileza, as mãos que sabem acariciar, a disponibilidade, aquela aventura, tua voz que chega de tão longe! No final, amo a minha solidão, o meu jeito de ser, o narciso na Lagoa do Violão. A tal solidão… A tal quietude! O tempo necessário para dançar a música que apenas eu escuto: o texto / o verso, o pecado, o meu. Representar o que por tantos e tantos anos ensaiei ser. A beleza brota. Constatar o prazer e o gozo, agarrar o sorriso, então, o tudo – sou feliz. Alívio! Esta quietude interna transborda. A leveza causa estranheza… A inteligência do agora salta e se instala, e eu sou eu, agora, neste tempo que prendo / agarro / tenho nas minhas mãos: o melhor. O outro, o passante, o que existiu se reduz no beijo, na memória do gesto, das gentilezas, e, num susto…Já não é mais. Não tenho certeza do tamanho do amor. Nem da paixão. Ficou o gozo… A verdade. Elizabeth M.B. Mattos – março de 2024 – com lua e tudo muito quieto, muito quieto dentro deste calor que se despede (dizem que o temporal chega e o frio – será?), vem mesmo a tempestade Ainda não chegou, mas vem outro amor, também atrasado, mas vem /chega com a certeza. Teu olhar castanho que me envolve… Tua ternura. Obrigada. Torres

Uma coisa complicada de aceitar apesar de todas as tentativas lógicas e facilidades dos tempos é envelhecer / uma pílula, a cada dia, ufa! Junto um abraço e a tua voz -, mas te confesso, é uma droga!
de manhã
…de manhã.
Sim, uma manhã precisa mesmo ser um dia inteiro… Depois do almoço vem a tal da pressa de encerrar/fechar/ acabar isso, aquilo, terminar de fazer / limpar, recolher, preparar para a outra manhã: os verbos se empilham para chegar na hora da leitura, antes de dormir… De manhã tem que ser escrever / ordenar e ser feliz. Ler e pensar, antes de dormir pensar o sonho. Ah! O sonho que vai ser amanhã de manhã… Elizabeth M. B. Mattos – março de 2024 – Torres

Foto: Pedro Moog
do melhor / o melhor
e tudo, tudo é olhar, depois sensação…


