olho no olho

Voz a dizer sem pejo. Esta tal camouflage do charme… É mesmo pelas beiradas. Sei lá o motivo – muitos anos cobrem os devaneios das conquistas – quando Torres tinha um pequeno campo de pouso e nós inebriados pelas férias e aquela liberdade inteira para usufruir, sem olhos vigilantes, usufruíamos apesar do olhar vigilante da Dona Carmem no fundo da boate Marisco. Nós usufruíamos. Nós dançávamos até meia-noite como a Cinderela, sem nos transformar em abóboras. Tu acreditavas / eu acreditava em olhares, intenções e futuro. Estas histórias ficaram. Transformadas em ‘gente grande’! Um monte de fatos nos atropelaram… Éramos tão estupidamente jovens! E amigos: e todas as nossas vontades amontoadas também almoçam no Club aos domingos, não lembro se jogavas golf / acho que não, nem cartas. Não lembro. Bebíamos coca-cola. E nos verões tínhamos Torres. Fomos caminhando… Chegamos não sei bem em qual cerca. O limite gritou. Nós paramos. A história seguiu – agarrou os filhos, definiu luas e infernos. E um dia (neste ano, ou fim do ano passado?) descobrimos a confissão do beijo. Mencionado /falado com naturalidade. Itália? Torres? Estranha surpresa! Todos nós sabíamos: o jogo era apenas sedução, ou parte, ou fantasia. Não era? Elizabeth M. B. Mattos – junho de 2024 – Torres (ainda)

não dizer nem fazer

Acontece, silêncio grande, mas sem culpa… Apenas silêncio silencioso e quieto. Ela se foi deste jeito: entre obrigada, perdão, ou qualquer coisa… Era renascer / ou adeus definitivo, não sei explicar! O que eu imaginava / ou pensava? Imaginei tudo acertado -, tantas conquistas e risos e permissões, coroamentos. Estava com a vida no desvio. Às vezes, muitas vezes, apesar dos esforços, o sonho se desvia, sai do mar, se coloca de costas para a onda. E vai em direção a terra, sem viagem, apenas atraca naquele porto certo. Foi o que fiz. Fiz o que era preciso… Eu acho. Estas confissões estes acertos não são confessáveis. Todas as terapias do mundo não desvendam nem arrastam estes segredos, ou não seriam segredos. Elizabeth M.B. Mattos – junho de 2024 – Torres em capítulos