mãos e o corpo inteiro, ora…

Rosto com rugas do tempo, mãos conversam… Voz define. O que estou a escrever? Não sei. Estico a palavra. e penso. Penso que eu, a tal ElizaBeth existe. Na memória de uma pessoa / um alguém que não esqueceu. Se me esqueceu, já não existo. A tal invisibilidade. Somos substituíveis. E aquele sorriso, aquele que eu penso, não o da fotografia, mas o que eu penso é que existe. Existe na minha / na tua imaginação. Contudo, todavia, assim mesmo, nada é exato /preciso ou completo. Faz sentido? A ideia, a possibilidade a leitura de quem eu sou está no outro… Faz sentido sim. A fotografia, o instantâneo congela o dia. A imagem se simplifica. Claro, temos o enredo do olhar. Não preciso mais descrever a cadeira, o copo, ou as flores, catar palavras, pensar na ortografia, na gramática. Fotografo com filtro, sem filtro. ou deixo de ver… Se escrevo e não coloco imagem, pronto… Não existo. Continuo / posso estar na minha pequena história inventada bem refestelada nas imagens / mas nas palavras? Acho que não. Não sou eu, mas a tecnologia. Então a mistura e o infinito ficam na imagem. Ontem vi os barcos / ou navios lá depois da Ilha dos Lobos… o mar? O mar, meu querido, estava lindo! E lembrei que tu também pensaste em morar em Torres, um dia. Mas sabes de uma coisa? O bom foi dançar em Torres. O bom foi aquele movimento todo que nós fazíamos pelos corredores da SAPT / os filmes que víamos nas cadeiras duras que se mexiam… E colecionar ingressos para votar em quem seria Rainha ou Princesa. A importância do voto. E depois dançar. Tinha idade certa para entrar na boate. Agora, querido, eu te confesso: o corredor e as espiadelas valem mais do que qualquer beijo ou abraço. Bom ter um namorado. Sempre foi bom namorar. Fui ver o mar numa volta e encontrei a nossa meninice. Pois é. Éramos meninos felizes. Então, tens razão, vamos celebrar a vida. Um brinde! Elizabeth M. B. Mattos – agosto de 2024 – Torres

Torres na nossa memória, como ainda vive: um balneário de veraneio. Atravessamos a estrada poeirenta, três balsas. E caixas abarrotadas de mantimentos. Era o verão… Éramos nós chegando para festejar. Nostalgia faz parte. Para JMCLTDFGJAK