Às vezes o tempo tem jeito de morte morrida. Pronto. Encerrou e fechou o dia / a vontade. Pronto. Tá feita a coisa e o aborrecimento. O tédio engole tudo. Os grampos não seguram nem vontade nem paciência. Elizabeth M. B. Mattos – setembro de 2024 – Torres
É tudo de manhã cedo. Duas horas depois, já fica tarde outra vez. Este estranhamento desarruma o dia. Assusta o sol e espanta o que seria apenas olhar / ver/ sentir e seguir. Elizabeth M. B. Mattos – setembro de 2024 – Torres
Gostei de ouvir o conselho / gostei da fala. Anotei a voz dela nas pequenas emoções. No final, faz bem a diferença do grande e do pequeno.
Tantas vezes / ou sempre ou muitas vezes entendo diferente do que a pessoa diz / digo um fiapo de coisas sem significado / ou queixosas coisas doloridas / aborrecidas. Teia perigosa, teia armadilha! Incompreensão e mal entendido venenoso! Elizabeth M. B. Mattos – setembro de 2024 – Torres
J’ ai rêvé, l’ autre soir, d’ îles plus vertes que le songe… Et les navigateurs descedent au rivage en quête d’une eau bleue; ils voient – c’est le reflux – le lit refait des sables ruisselants: la mer arborescente y laisse, s’ elisant, ces pures empreintes capillares, comme de grandes palmes suppliciées, des grandes filles extasiées qu’elle couche en larmes dans leurs pagnes et dans leurs tresses dénouées.
Et ce sont là figurations du songe. Mais toi l’ homme au front droit, couché dans la réalité du songe, tu bois à même bouche ronde, et sais son revêtement punique: chair de granade et coeur d’ponce, figue d’ Afrique et fruit d’ Asie… Saint John Perse AMERS
Já deves estar cego, como me prometeste que ficarias / ou deves ter morrido e nem me avisaste, ou não… Caí na armadilha: tirei a roupa, fiquei nua naquela tarde. Depois senti vergonha. Sai com roupas nos braços para não te ver outra vez. Elizabeth M. B. Mattos – setembro de 2024 – Torres
Para ganhar no jogo de xadrez – paciência, atenção, estratégia, reflexão e tempo. Este tempo que não sossega e sussurra, Quanto dó eu sinto.
sonhei, outra noite, com ilhas mais verdes do que o sonho… procuro água azul e encontro o reflexo / o reflexo do meu sonho no mar, sou eu, a te esperar…
Ilha / arma e cumplicidade. Enfiada / afiada na loucura de viver vida, sobreviver. Abocanha a fome da boca. Inventa maldade. As possíveis, os ouvidos ouvem. Também as impossíveis. Gostam do prazer quente do conforto. Testamento / herança: loucura da ganância. A porta abre / fecha. Vejo a esquálida e vaidosa ganância. Atenção meninos! É preciso trabalhar fazer acontecer para poder empurrar… Todas as certezas são incertas.
Não existe comodidade, em idade nenhuma, comodidade. Nenhuma verdade, e nenhuma mentira. Coragem! Mentiras são passaportes… projeções. Elizabeth M. B. Mattos – setembro de 2024 – Torres
Para escrever uma história basta dividir os doces dos salgados, adicionar pimenta, sentir o cheiro. Ah! Odores na cozinha e na vida explicam os detalhes. O livro de receitas perfeito como o livro da vida. Narrativa por inteiro: sem tropeços. Dificuldades, sim, muitas, agarradas em certezas. Cozinhar tem ciência, mas, cuidado, atenção! Evitar os desastres com bastante atenção. O categórico, ou impulsivo, não. De repente a pimenta invadiu, ou a calda açucarou. Não consegui administrar. Assim a mesa e as flores acertaram no mais bonito. Almoço e domingo. Domingo, a diferença. No hospital, comida especial. Elizabeth M.B. Mattos – setembro de 2024 – Torres
Tem sol: o dia respira apesar das queimadas, do desespero. Leituras minguadas, as mesmas, sempre as mesmas: velhice ou audácia perigosa: o que somos… Passar roupa, perfumar os lençóis – o prosaico, o invertido, na pauta. Ou o baile. Tu abres o teu sorrisão, no radio a musica, e, me convidas para dançar. Com gosto de café na boca, garganta fervendo inquieta, eu aceito. Encosto meu rosto no teu, damos duas voltas eufóricos. Alegria tem gosto. A roçadeira da Luiza, amanhece eufórica. Estamos lá, envolvidos. O fio do tempo se estica. Passo as fraldas, os lençóis, e o ferro esquenta o amor, também o sorriso e a felicidade. Troco a água das flores. Vou deitar para ficar bem boa logo. Luiza está eufórica, estamos todos com o perfume deste campo de Bonito a nos cativar. A Itália inteira absorvida, entranhada neste setembro e a Primeira Comunhão de Valentina, a nossa festa, sua plenitude. Ana Maria estica o tempo, ama o mar, e este gosto de estar sempre onde o sonho leva… Elizabeth M. B. Mattos – setembro de 2024 – Torres
Que o amor desça descalço, silencioso para surpreendê-lo. E, distraído, ele aceite sorrindo e se alegre com certezas gentis e iluminadas. Elizabeth M.B. Mattos – setembro de 2024 – Torres
O bom deste aquietar é o desejo preenchendo as vontades. Vontades, surpresas que caminham dentro do corpo. Vai passar a tosse, o engasgo e o silêncio. Vai passar… Elizabeth M.B. Mattos – setembro de 2024 – Torres
pensamentos escorregam e os canteiros foram regados pela chuva