Metade do dia. O silêncio conversa com a rua e as vozes passam contando histórias (escuto mesmo deitada). Contam histórias de gente apressada, assim mesmo, apressadas. Pessoas coloridas, harmoniosas neste dia cinzento. Silencioso, ainda assim, sussurra. Elizabeth M.B. Mattos – setembro de 2024 – Torres
se alguém passar perto das janelas do quintal e espiar… se espiar se surpreende com o cinza, vê amarelo, azul, violeta e cor de rosa junto ao verde das folhas e dos lençóis e vai sentir o perfume doce pelo vento nos cabelos. Elizabeth M.B. Mattos – setembro de 2024 – Torres
vida com respiro e surpresa, caminho de ir / voltar e se esparramar, pedacinho de felicidade, afinal viver tem mesmo esta renda fita com as mãos do entusiasmo. Elizabeth M.B. Mattos – setembro de 2024 – Torres cinzenta, assim mesmo, iluminada.
O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo. (p.7)
As coisas tem vida própria – apregoava o cigano com áspero sotaque – tudo é questão de despertar a sua alma. (p.8)
[…] a ciência eliminou as distâncias, […] – (p.9)
Aquele ser prodigioso que dizia possuir as chaves de Nostradamus era um homem lúgubre, envolto numa aura triste, com um olhar asiático que parecia o outro lado das coisas. […] tinha um peso humano, uma condição terrestre que o mantinha atrapalhado com os minúsculos problemas da vida. (p.11)
Gabriel Garcia Marquez – Cem Anos de Solidão
reler livros excepcionais pode ser uma escolha – reviver – o tempo e reencontrar a alma, importa. Elizabeth M.B. Mattos – setembro de 2024 – Torres
Ilusão embalada: e esta lua gigante, clara, faz / abre caminho. Aquece um pouco mais o meu corpo, justifica o beijo, ilumina o gosto. O dia, ah! O dia traz sol desmaiado, realidade pintada, colorida, mas, estupidamente, real. Ilusões do equívoco de amar. Mas sei que estás perto amor amado e te festejo. Bom te pensar! Elizabeth M. B. Mattos – setembro de 2024 – Porto Alegre respira…
jasmim rosa ou frutíferas da estação / sim, no tempo certo o perfume. a gente se entusiasma porque o depressa, o corrido, o outono ou era primavera? não lembro mais. cartas e cartas as minhas, semanais ou diárias… de repente, ele (era amado meu, eu não era amada dele) mudou o endereço, foi ser pessoa noutro lugar e esqueceu de me dizer. ironia de encantamento. tristeza da distância: equívoco. não, foi meu momento de gostar. encanto é a hora do desejo. gostar, olhar, dançar… distância cheia de equívocos: franceses, americanos e argentinos. boa memória a vida, viver… Elizabeth M. B. Mattos – setembro de 2024 – Porto Alegre e a correspondência – os poemas no papel azul, ou era verde?
domingo cinzento. frio, gelado. silencioso. coisas de domingo! a quietude do tédio abraça e o descanso boceja. já pensa no macarrão e no molho italiano. comidas, vinho possível e colorido. outra vez a preguiça. eu? eu luto com a máquina de lavar / isso existe (risos) / os velhos se reencontram, se readaptam… (risos)
uma mão, outra mão, a ternura e o gosto de viver ansioso. ansiedade é palavra da moda, faz parte da calçada, e da casa. ah! como vou te contar de mim se pressentes e sabes. coisas de domingo, meu amigo. e os domingos são longos… os sustos e as surpresas chegarão na segunda-feira, acelerados. reagir. Elizabeth M.B. Mattos – setembro – 2024 – Porto Alegre / os portugueses desembarcaram felizes, os alemães arregaçaram as mangas e os italianos plantaram as uvas, eu acho.