e, com a imposição (q nós nos impomos) de ser diferente ou autêntico ou centrado ou feliz… Tantas questões básicas / internas giram no redemoinho. Ninguém precisa ser especial / ser quem já somos – , o desafio. Difícil estar na vida! E mais ainda num cálido círculo de vida. Superar a mediocridade. Sustentar a vida. Sustentar sem se atrapalhar com a contradição que existe. E coroar um dia manso e quieto. Respiro majestoso. O bom OBRIGADA ecoa. Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2024 – Torres
Mês: outubro 2024
querido, amado
Agarra teu sonho e te enfia nele: estarás protegido. A cor é perfeita. Ecologia, economia e cuidado especial / mas não te esquece de sorrir e ser feliz, e magro… Pois é, da tua natureza! Olhos azuis ou esverdeado, claros. Luxo querer salvar o mundo. Eu, tu sabes, sigo distraída. Eu me envolvo com a poeira da rua. Cada pessoa, cada som e jeito, cada compartilhamento, festa. Sou festa de sacudir e dançar. Falar alto / depressa. Não gostas… Não é futilidade. Bem bom. Estabanada, tu sabes. Mas eu fiz a sopa. Íamos rir juntos. Naquele jeito comedido teu. Daríamos a risada. Talvez fosses tolerante com a Ônix . Vês? Sinto tua falta. Um beijo. Elizabeth M. M. Mattos – outubro de 2024 – Torres (vejo a Ilha dos Lobos, penso Buenos Aires)
zero ou vazio
Paciência zero com cinza: vazio do inverno se supera. Vento parado e sussurro intercalado: floração. Que seja! Eu? Estou a te escrever e imaginar teu jardim escolhido. Tua leitura inquieta e as horas concentradas para teu escrever. Eu te compreendo. Braços ocupados, cabeça a transbordar… Ontem fiz uma sopa do teu agrado. Senti tua falta, como sempre, mas depois fui borboletear… Ah! Borboletas mutantes e surpreendentes…Queimam, assustam e deixam minutos coloridos. Tu tens uma alma borboleta. Pois é. Estou com saudade da nossa preguiça, das mãos dadas / daquelas horas de amanhecer fazendo de conta que o sono não se foi. Adoramos, os dois, fazer de conta. Com certeza, saudade do sono, do silêncio e do piano, ( das dúvidas ). De sentir calor. Quero que te apresses e me escrevas logo / escondido ou em aberto. No segredo do amor: amor tem gosto de mistério, do não concluído, do não encaixado na vida de todo dia… Bem, o mais, o real, o de todos os dias é sobrevivência. Eu te sonho. Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2014- Torres ( tu te dás conta que o barco atracou / naufragou / desapareceu, mas eu fiquei?)
ssssssssssssssssssssssssss
Fico a pensar / ou quero entrar na caixa como a Valentina, espiar pela janelinha, ou inventar um mundo novo dentro da caixa – caixas festas: grandes ou pequenas, festas. Esta coisa de 80 anos parece esquisitice imposta. Foi assim que Isabel resolveu não se ocupar mais da casa, das panelas e das podas, nem de roupas / qualquer roupa seria a boa. Enfiou uma calça bem larga, e ficou confortável, foi o que me disse sem susto. Resolvi o problema. Eu estava encolhida no canto, ainda tricotando, sem entusiasmo e pensando no tédio dos oitenta anos espichados. Precisava escutar o que ela dizia. Viajou para me dizer: trouxe flores, bolo e a lógica. Acertar os pontos. Sem comentar absolutamente nada de política. Sinto a cabeça rodopiando, um aperto no peito, as costelas se apertando, um sono ardido e complicado. Troco de cama. Sinto falta dos teus beijos que escaparam faz já uma semana.
Peguei as xicaras do chá / pinguei o leite. De fato não sei que dizer pode ser acrescentar, colocar os pontos e as vírgulas, ou passar o pano… doem as contas, os olhos estão ardidos, a cabeça aperta. Um tumor, uma hora marcada para morrer, mas a droga disto tudo é que não quero morrer. Nem as fotos… quero é não morrer, mas, minhas decisões são insignificantes. Tenho rezado, mas rezar não altera, traz paz? Sei lá, ver / olhar pessoas. Uma pequena viagem para um hotel de repouso…talvez. Um hotel que tenha festa e dança. E eu dançarei com ssssssssssss sem pressa. E Isabel vai entender.
Preciso entender a janela, a porta fechada e as limitações / comer pão doce / um copo de leite com chocolate e um aconchego de vozes. Não vou descrever a sala, nem a estampa da minha blusa, nem as minhas sinistras intenções. Vou beber mais água / uma secura que pode ser diabete / ou um corpo novo no meu corpo assusta, estou com medo. O medo grita / fica sem vos, depois encolhe e logo quer se esparrar na maior cama… Elizabeth M. B. Mattos 2024
vermelho azul e preto com cor de laranja e amarelo, cor de maravilha, claro…
Estou a reorganizar a tela e o escrever: o tal acerto de fazer. Atrapalhada com o tempo. O espaço, a ventania, o sol e a chuva: recomeçar a semana na estação certa. Abrir a boa janela e ser feliz. Apreendo a caminhar, um passo depois do outro. Correr exige mais esforço. Como ler / escrever pode ser lento ou automático. Impressiona, mas é assim, existem crianças que apreendem sozinhas / perdidas nas letras, não. Achadas. E correm… As conexões e os sorrisos. Ando atordoa / estranhada perdida deles. Volto aos sorrisos. Encontros internos. Uma coisa mágica este fazer acontecer: se solta e sai se refestelando como a boa leitura, Ah! O bom encontro. Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2024 – Torres
cambalhota
ainda posso fazer / dar e pensar nelas, e seguem divertidas. parte desta vida de todo o dia… assim está o jeito de resolver brasileiro, cambalhotas, mágica e ilusão. que seja! a cada pomar suas frutas de estação e a horta, bem a horta tem fala e reivindicações próprias. respeito. e viva uma boa salada. respirar e estar presente tem cambalhotas / pedidos de desculpa e tolerância! vou cavar a tolerância… e recomeçar. Elizabeth M.B. Mattos – outubro de 2024 – Torres
quando
a indiferença se acomoda e se amplia. o resto se acomoda e sossega / / a valsa retoma o ritmo. a gritaria da calçada faz sentido // indignação e vento. o vento sacode os cabelos: a feiura parece justa / até possível / sem oposição. hoje é domingo de corrida… agora é esperar. Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2024 – Torres
conflito
Existe o mal transparente. Visível mas sem rastro. Dardeja, sinaliza, rasteja… Não se explica: botão a eclodir. Assusta, emociona mas não se explica. Elizabeth M. B. Mattos – setembro de 2024 – Torres