de repente insuportável! com certeza sem retorno. são só brilho, são só água. lâminas, golpes agudos.
BRUNO TOLENTINO
O embrulhinho
EU me debato dentro de um vulcão. A esperança de ainda voltar a ver-te dói como uma criança com medo de nascer, sufocando em meu ventre.
Ah, se, para arrancar-me esse pedaço que ainda hoje te pertence, eu pudesse matar em silêncio esse fantasma que atormenta a minha carne!
Mas não. Padeço com um vulcão por dentro, sem coragem para esse assassinato. Tu, que me inseminaste de doçura e de ultaje, ensina-me este parto!
Eu, Beth estremeço com o versos. Lá está a história todo, do amor tocado e impróprio, distante de nós dois, mas dentro de mim, a remexer…
Solilóquios
Mas não tem importância, aqui estamos nós outra vez… À distância, eu sei, mas ainda a sós. Que importa, eu nunca fiz sonhos de perspectiva e uma chaga furtiva vale uma cicatriz. E ainda que não houvesse nem uma nem outra, quem muito busca encontra: tu vens, tu me apareces.
Querido, sempre, meu querido. Obrigada. Escreves e se faz ponte: caminho por tuas palavras / teu ‘discurso’ certeiro a ponderar. Não te respondo derramada como eu gostaria, por pudor, por pudor, meu querido. Seguem versos. Que compreendas o quanto te amo. Elizabeth M. B. Mattos – março de 2025 – Torres
AS HORAS DE KATHARINA – Bruno Tolentino, nascido no Rio de Janeiro – 1940, publicou seu primeiro livro, Anulação e outros reparos, em 1963.