caricatura da plástica

deve ser extraordinário se olhar jovem, a mesma, a surpreendente pessoa que não envelhece / o rosto sem sulcos, e a beleza dos seios perfeitos, sem barriga, com cabelos… ah! eu valorizo muito os cabelos! uma vasta cabeleira bem tratada faz toda a diferença! corpo, o corpo magro (segundo a moda atual) dentro das roupas jovens e… pois é. reforma-se o conceito de vida, o gosto da comida…dietas são a pauta do sofisticado: socorro! aonde se esconde o conceito do bom sono, o bom sexo, o beijo de verdade. o olhar de pessoa para pessoa. a boa risada. sem passaporte, com identidade: o caminho é viver. atualmente viver se transformou em consumir. trapacear, janjear por aí. sem trabalhar, politicando no carrossel. plásticas e viajar. ah! acho que o meu conceito de vida… claro! envelheceu. Elizabeth M. B. Mattos – maio de 2025 – Torres, ainda

talvez seja mesmo horrível

talvez a lógica esteja no cansaço, na tristeza, dentro do não tenho / não posso / não sei… e o caminho seja invertido. o hálito gelado, o abraço seco, as palavras vazias… sei lá. saber é muito esquisito / tão estranho como ter. mágicas traiçoeiras da vida… conjugar verbos será mesmo um eterno martírio. respirar tão lento, tão leve e…

talvez a felicidade e a lógica, a palavra abençoada estejam escondidas no pêssego, na cesta de morangos. nas tangerinas / bergamotas ou na mágica laranja doce.

talvez

talvez eu não compreenda português, como não sei japonês nem holandês. Elizabeth M. B. Mattos – maio de 2025 – Torres

quero

quero teu amor de volta / sentir a paz do amor amado outra vez / aquele desejo de abraço e achego, de luz no escuro do quarto, o cheiro do amor. quero outra vez o amor de volta, concentrado. quero. Elizabeth Menna Barreto Mattos – maio de 2025 – Torres

porque te amei não te perdoei

reli tua carta / tua. senti, amei outra vez. tens razão… da saída do cinema, no tempo adolescente ao ardor da maturidade. ah! pude te encontrar. amor de amor sentimos… e tanto tempo separados!

não fui a Portugal, não vi as luzes das muralhas do castelo de São Jorge. mas sei que viajei…tenho-te saudade. amo-te.

As luzes das muralhas do castelo de são Jorge estão avermelhadas, rubras ou encarnadas como se diz aqui. Agora tem este colorido novo eu também estou colorido de novo. Tenho agora a tua cor. Minhas roupas têm teu cheiro, teu tato, e literalmente teus cabelos. Encontro tua presença em tudo o que tenho (e trouxe comigo) e teus cabelos saltam até mesmo das meias que acabo de lavar na pia do quarto.”

ah! ah! que importa o tempo e bobagens que já fizemos, e todas as que deixamos de fazer… tudo empilhado a se acotovelar e agora prensado em novo amor. novo ou transferido amor, o mesmo. que coisa louca é amar! Elizabeth M. B. Mattos – maio de 2025 – Torres

Castelo de São Jorge / obrigada Marina (neste maio de 2025 – em Portugal) / viajando na viagem tua e do Adolfo. Obrigada

nem ótimo nem doçura

ninguém é ótimo para ninguém, ninguém é mesmo ótimo para si próprio. sou espinhenta, agressiva. olhar plástico, demorado, alterado… o jeito de olhar modifica tudo. importa ver e detalhar, olhar altera tudo… engorda o objeto, ou isola o objeto / pessoa, então, posso afluir sobre suas próprias significações, únicas. faço um esforço excepcional e isolo a história sem se tornar uma espécie de eterno presente, mas antes uma corrida vertiginosa e ininterrupta do passado para o futuro, uma oscilação de um extremo ao outro, sem repouso. seria / é uma avaliação. posso antecipar a convivência, a cobrança, ou mesmo a ternura pura por ser como é, ternura. oscilações da convivência. na verdade, esquisitices da vida: as contas. as tais contas que damos por feitas, nossas, não são tão exclusivas. ou nos orgulhamos e libertamos, ou nos submetemos e calamos. caso contrário, quer queira quer não queira, o outro bisbilhota tudo: a comida, o passeio, o tempo. quantas horas quanto tempo olho para o mar! se estou distraída com as nuvens, se devo ou não comprar um par de tênis, comer todas as bananas de uma vez ou se vou dividir em quatro dias. se posso comprar flores ou carne para o assado. bem, seria isso compartilhar ideias, conviver, dividir… dar explicações, abrir todas as janelas… esquisitices de sentimentos. escolher. escolher para ter a tal autonomia, e mordacidade afiada. a pensar no isto ou aquilo. Elizabeth M. B. Mattos – maio de 2025 – Torres

o veranico de maio

o veranico de maio coloca tudo no lugar. dá coceira na alma porque, num repente, está tudo como deve ser. vou colher as margaridas e te ver envolvido com os cães esperando o irmão… pois é, sempre tem o irmão chegando pra sacudir a memória. sacudir amores de meninos. eu te digo, meu querido, este juízo bom de estar junto nos salva: bom que estou com vocês! deixei pra trás umas fantasias bobas de pendurar quadros nas paredes e ter ateliê e tintas… vou costurar as palavras e pensar que escrevo. escrevo para que leias e possas sorrir sem mexer a boca, não é dissimulado: sorrir pra dentro. sabes, eu escrevo pra ti, meu amado. um beijo. Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2025