Mas o trágico também existe quando uma natureza média ou fraca é ligada a formidável destino, a responsabilidade pessoais que o arrastam e aniquilam, e, do ponto de vista humano, esta forma parece -mesmo mais pungente. Pois o homem procura inconscientemente um destino extraordinário, ou a dizer de Nietzsche, uma vida heroica, perigosa / desafia à natureza extra medida, desafia o mundo pela audácia. […] Como a tempestade arrasta nos seus vórtices a gaivota, assim a força do seu destino o leva mais longe e mais alto. O homem mediocre, em compensação, por essência, reclama uma existência pacata; não quer, não tem necessidade do trágico, prefere viver tranquilamente, na sombra, ao abrigo dos ventos, num clima temperado; eis a razão por que se amedronta, resiste, foge, quando mão invisível o impele para o desassossego, para a crise. Não quer responsabilidades históricas, não tem necessidade do trágico, prefere viver tranquilamente, na sombra, ao abrigo dos ventos, num clima temperado, eis a razão por que se amedronta, resiste, foge, quando mão invisível o impele para o desassossego, par a ‘crise’. Não quer responsabilidades mundiais históricas, ao contrário, teme-as, não procura o sofrimento, é-lhe imposto; vê-se constrangido de fora para dentro, não de dentro para fora, a ir além de si mesmo. Este sofrimento do ‘ não herói’, do homem meio-termo, se bem lhe falte senso evidente, não me parece menor que o patético sofrimento do verdadeiro herói, e talvez ainda seja mais comovente pois o ente ordinário deve suportá-lo sozinho e não tem como o artista, o meio venturoso de transformar seu tormento em obras de forma duradoura.’ Stefan Zweig se refere a MARIA ANTONIETA
Mês: junho 2025
32 anos ou 35 anos
sou péssima para contas / para datas / pedi ajuda para IA (risos) – mas fiquei independente (sem meu pai pagando contas) aos trinta anos / ou mais um pouco em 1985 quando minha caçula nasceu / ele ainda teve despesas grandes comigo / ou seja, sempre. feliz dos filos independentes / e guerreiros. raríssimos. padrão normal é ter ajuda / herança e etecetera e tal. / esta é / parece ser / a vida como ela é. heróis de guerras. existem. a vida como ela é começa aos trinta anos? Balzac eternizou a mulher de 30 anos / as vitoriosas passaram a ter 40 anos e as gloriosos com encargos e amores aos 50 anos / aos 60 anos pensamos ser o ápice – talvez. casamentos ajudam / separações definem / viver é o pleno. Elizabeth M. B. Mattos – junho de 2025 – Torres frio e com chuva. independência raríssimo… encargos se sobrepõem.
túnel e perfume

divagação
a herança / a fortuna que salva da mediocridade pode ser autonomia: autonomia para pensar / para refletir /ou escolher ser pessoa.
dinheiro e purpurina enfeitam, mas, não livram da mediocridade e do vazio /
chafurdar no dinheiro pode ajudar a afundar na mediocre. o tal vazio da caixa dourada /forrada de veludo vermelho
em vida / na vida toda a beleza se movimenta na inquietude ou (risos), talvez, passear pelo mundo não preencha a tal alma. oco sentimento sem entendimento: escrever é / pode ser boa transferência.
seletivo / odor
gosto de imaginar os cheiros / os perfumes. estão /estarão enfileirados ou esparralhados passeiam pela sala… sombras e essências – flores – tenho, assim, meu flutuante / exuberante jardim / posso remexer a terra e colher as margaridas. Elizabeth M. B. Mattos – junho de 2025 – Torres tão frio / tão gelado! ou sou eu mesmo eu envelhecendo seca?

escolher errado, pior do que não escolher…
entrei na loja para comprar o tecido, no tempo das lojas parques… / ir / brincar sem decidir nada, tomar sol na correria ou sentar no banco apenas para olhar. voltar depois… comprar ou não comprar? sair passear (o principal) e escolher. lembras do poema da Cecilia Meireles:
OU ISTO OU AQUILO – CECÍLIA MEIRELES Ou se tem chuva e não se tem sol, ou se tem sol e não se tem chuva! Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva! Quem sobe nos ares não fica no chão , Quem fica no chão não sobe nos ares. É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo em dois lugares! Ou guardo dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e não guardo o dinheiro. Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo… e vivo escolhendo o dia inteiro! Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranquilo. Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo.
também o amado, também o amor / ou este ou aquele? fisgada, ou escolhida, ou decido / escolho e agarro. ou… depois a danada da saudade do que já foi e não é mais, podia ainda ser / mas… mas, mas pois é, se escolhi o momento incerto – foi bom ou ruim – se eu me escolhi, foi melhor, se me lancei a querer e a lutar, também bom… perder, horrível, afundar, assustador, não te beijar, muito muito ruim. difícil escolher o rumo, a esquina certa, o mar que eu quero, a onda que espero. o calor ou este frio. o frio de hoje, de agora, deste junho. ah! não tem defeito. congelo por dentro, por fora, mas escolho: vou fazer como a Elza e ficar com as cobertas até o nariz / pensando, a Elza, lendo. Elizabeth M. B. Mattos – junho de 2025 – Torres conhecendo um frio bem frio, e agora sem aquele fogo delícia das lareira.

s a u d a d e
tá muito frio não é gibi
tá gelado uaiii! os estremos dos estremos… SOS planeta ou a esperar, mudanças… vai que ficamos tipo POLO NORTE e lá quente… tudo pode / difícil assumir / ou pensar / ou decidir. tá danado! tá muito frio! Elizabeth M. B. Mattos – junho de 2025 – Torres (Torres mesmo / Porto Alegre, muito mais)
milagre acontece
Hoje, milagrosamente, consegui fazer guisado, panquecas, perfumes faceiros, e, milagrosamente também, terminar / deixar a cozinha espetaculosamente limpa: tudo. Panelas, fogão, pia e chão. Lavei a alma escutando minhas canções francesas. A tarde mal começou. O dia se espreguiça, sol instalado. Frio, frio, frio. O sol tenta /parece resolver. Estamos todos concentrados. Eu? Louca pelas bananas -, se fosse mais corajosa faria uma torta com elas e devoraria. Este é o problema, devorar. Sim, já confessei que a cozinha não me interessa mais, o problema é a fome. Solução saudável, resolver. Pois é, aquela história de não ficar parada, exercitar-se, não enferrujar. Eu invento. Passo os lençóis, as dúzias de fronhas da meia dúzia de travesseiros. Perfumo. Aspiro a casa. Deveria revirar canteiros para as flores, as folhagens, sei lá das tantas mágicas de quem gosta da terra faz acontecer… Bem, o ideal nem é tão perfeito assim. Acho / penso, que minhas panquecas ficaram perfeitas. Quem sabe eu faço a torta? Elizabeth M. B. Mattos – junho de 2025 – Torres

alma espírito e paz
pedra, pedregulho, cascalho
tem uma pedra que não consigo levantar, desvio, mas no atalho tem pedregulho, vou pelo cascalho -, diferente? sei lá. pedra não consigo empurrar, nem segurar. antigamente eu sabia ouvir, pensar e continuar… até encontrar uma solução, hoje, pois é, hoje as flores demoram para perfumar, acho que não são cheirosas como antigamente. os canteiros deixaram de ser espontâneos, se transforam em campos, em estufas…ah! mas tem campos de lavanda, e pessegueiros floridos, até frutas que apenas nascem e amadurecem… sempre há esperança. Elizabeth M. B. Mattos – junho de 2025 – Torres

mais fácil fácil…
assumir medidas restritivas / ativas quando o oponente está fragilizado… ou indeciso. difícil ser coerente / defender – se é o obvio: entender não é fácil / o estranhamento pode ser normal, ou não é? Elizabeth M. B. Mattos – junho de 2025 – Torres
eu / o mesmo / a mesma
sou valente / rei / sou rainha / sou eu, todos os dias, eu. todos, não sei, (risos) mas, eu procuro ser eu / eu tento ser eu, quase (mais risos) todos os dias, eu…
sou valente, sou forte. empurro um dia, depois, empurro o outro dia: vital prazer. ufa! às vezes, cinza: misturo riscos / rabiscos azuis, pretos, amarelos e vermelhos… do rabisco à tinta / ao colorido. vida. sou valente, escolhi ser EU… represento / apresento eu mesma. – será isso?
leio os livros, as cartas, a memória, entro na leitura, assimilo / mastigo a vida da outra, do outro, repasso, penso, assimilo e fica meu. / meu, eu, a mesma. Elizabeth M. B. Mattos – junho de 2025 – Torres




coisas do tempo / digitais / encontro e festa / sempre o detalhe da festa de fazer acontecer / a vida importa – gosto. esta velha deve ser eu.






