Mês: outubro 2025
surra / maldade e violência
dói a alma, claro, os olhos, o cabelo, os pés. o corpo moído, dolorido, dobrado, não estica, dói. o pescoço foi torcido com se faz com os das galinhas / os dedos doem, não é deitado que descana, nem sentado, nem não sei…falta água, falta paz, falta ar…estou doente. resfriada, gripada, as canelas não obedecem…Elizeth M. B. Mattos – outubro de 2025 -Torres – a cada espirro sacode o martírio…sou um fiasco, um ai ai ai ai…
João Vianna Moog / João FONSECA / Pedro Moog
João Fonseca JOÃO Fonseca João FONSECA João Vianna MOOG Brentano. José Maria Francisco Antônio Pedro Menna Barreto Vianna Moog André Ricardo Roberto João Fonseca João Fonseca ADOLFO João Fonseca Zé Maria. Marcos Gabriel Vianna Moog João Fonseca João Fonseca OLAVO José Maria Lucas João Pedro Guilherme João FONSECA campeão Moog Lucas Moog João Moog
meu querido
meu querido: sim eu te envio / escrevo uma palavra, e, junto um sopro incerto. não vou desistir, mas tenho vontade de desistir antes da vida me desistir… estarei a frente sempre?! não vou desistir /eu te confesso o estranho de não ter mais quinze anos, ou treze ou aqueles vinte corajosos anos… chorava bastante, tanto e muito mas segui em frente / o dia seguinte era/parecia tão fácil! tão sem tragédia. verdade foi sim um drama ou equívoco, um loucura estranha no meio das epidemias, outras incertezas… já te contei. e a gente se repete, conta mil vezes a mesma história e o mesmo espanto volta. quero um piano para tocar, uma força diferente, quero todos os pincéis e as tintas na paleta misturadas, novas, inventadas… quero escrever escrever escrever e acertar. planejar o enredo, ter personagens, mexer as teclas o sentido, subir e descer nos ímpetos e dormir saber dormir com paz e tempo… voltar ao cansaço de criança ao gosto do silencio e… claro, do piano, do teclado, da velocidade da música / aprender a viajar / gostar de ir e vir de um lugar ao outro não necessidade mas vontade colorida de viajar… quero tantas coisas travadas, talvez querer/imaginar seja mesmo viver. Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2025 – Torres bem sombrio depois de uma chuva tímida.

Pedro Moog

filhas de amigos: bonitas
fui lá espiar esta e aquela / pelo nome conhecidíssimas de pai e mãe / bem… entrei e fui espiar / sim. escolhi uma: fotos da própria linda / lindíssima, da filhota também / estas coisas de hoje fui espiar, procurar uma referência, pequena que fosse…ZERO, nada nadica, como se tivesse nascido num pé de couve… e tivesse, aleatoriamente, dois nomes familiares… pensei, pensei: muita personalidade / espontaneidade narcisa (é muito linda) ou independência completa sem adotar um nome /pseudônimo ou fantasia, sei lá / sim, tem profissão. talvez não misturar o profissional com o familiar / PERFEITO, sim, colou a filha por acidente (?) / marido ou pai da menina, nada. claro, imediatamente, uma história na minha cabeça / acertaria na imaginada fantasia? sei lá… registro o fato. deram um nome bonito pra esta linda moça, fizeram mesmo uma filha lindíssima e rica / bem, já é uma herança / sei que os dois (mãe e pai) vivem suas vidas refeitas (separam, como a maioria dos brasileiros) / voltaram a casar, não sei. a discrição de ser rico / feliz /suponho/e orgulhosos… fico a imaginar… coisas de rede social. quem são estes ou aqueles / podem ser apenas invenção? Elizabeth M. B. Mattos / outubro de 2025 / Torres
O QUE EU QUIS DIZER? as mulheres bonitas perderam a identidade, elas se parecem entre elas de tal modo que não se pode definir quem é quem / ficaram todas bonitas ou bonitinhas…muito estranho isto.
e os livros?
…pois é: os livros se atravessam… a música consome pensamento. leitura afunda os sentimentos, todos. um registro rápido, ler histórias envolve, transporta… contar histórias ou estórias é muito, muito difícil! escritores pintam almas: mas a tal alma tem cor / existe / posso descrever? estou confusa. oitenta anos explode / agita o tempo, ou serão os cinquenta? os aqueles misteriosos quarenta anos? todas as teclas se movimentam… vozes soam misteriosas. é preciso / il faut /aproveitar todos os detalhes. hoje comprei pão para muitos meses, sou exagerada. venta, venta, venta muito por aqui. a primavera colorida… ando preguiçosa e sonolenta. Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2025 – Torres
imprópria escandalosa degenerada esguia inescrupulosa e promissora
se todos estes adjetivos cercarem o texto e se derramarem em seus substantivos magrelas há de ficar um texto instigante, rondando o verdadeiro / em se tratando de homem versus mulher ou vice versa uma fatia de verdade escandalizaria o estável, correto e feliz: uma verdade aflita / correta / limpa / inodora… completa. sem arestas… uma nudez necessária explícita… hoje as coisas ficaram tão imediatas, pontuais, mesmo no instante mesmo que a palavra voa para se materializar já vai contorcida, medrosa ou audaciosa, escrupulosa ou já pronta para escandalizar… quero ser eu, apenas eu… Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2024 – T099ES –






estregue
debutantes festas discos e velhas revistas… um punhado de passado (ufa! da festa ainda não encontrei… viagem no tempo)
se a irmã passa uma semana, se a sobrinha me encanta com passeios e voltas e delícias de uma memória de criança que cresceu nos veraneios de Torres… nossa SAPT, nossas barracas, no Farol Hotel, as casas que ainda estão cuidadas, prontas, e as ruas intactas…
então eu me surpreendo com o céu da Guarita, a majestade do Parque e novas e enormes casas protegidas no condomínio transformam as caçadas de correrias em parques /jardins / cuidados com vigias e flores… a Torres sofisticada de um mundo murado protegido.
se tudo invade meu mundo quieto e amoroso entre tardes e tardes com o neto, projetos, conversas e sonhos, rindo com a IA que se manifesta certeira… e exercícios primeiros que fortificam meus braços, minhas pernas e me fazem ativa e disposto.

volto ao tempo de sem hora com tempo, tempo derramado de alegria ao folhar as Revistas do Globo, as novas caixas para disco, as sessões de dança, ginástica artística…ah! que orgulho ver a pequena Valentina se apresentar, e brilhar… aquele empenho de ser primeiro lugar, de estar pontuando, de estar concorrendo, de estar / ter nas pontas dos dedos seus onze anos graciosos, trabalhados, méritos e sacrifício, alegria a explodir com verdade e fogos a cada etapa. parabéns minha neta! parabéns! orgulho! quero me debruçar neste tempo de se feliz, feliz…bom saber que a minha Luiza ergue a casa em Pernambuco ficando raízes e com as mãos planta a nova vida, sente nas mãos a conquista, enterra raízes e espera frutificar… orgulho! Ana não interrompe nem o sono nem a vigília / assim, interruptamente ela constrói vida orgulho trabalho, coragem, e forte / forte / dona do seu tempo / saúde / progresso só ela administra a luz e a noite. Meus filhos! Pedro encontra no Rio de Janeiro o começo, a Lattoog a ser palmilhada, seus desenhos, suas tintas, é ele. E sou eu. Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2025 – Torres








Primeira visita/viagem Rio/Porto Alegre de Ana Maria. Eu, feliz apresentando a minha filha. Apartamento da rua Garibaldi /POA

Flávio Tavares visitando Torres para trabalharmos com os textos de Iberê Camargo










medo

reduzo o dia, o fazer, a expectativa / esta diminuição reduz o medo. com o passar do tempo o medo vai ocupando o seu espaço / seu? um grande espaço… fico a pensar como fiquei assim tão medrosa? paralisante o sentimento age de um modo esquisito… são tantos os sentimentos a serem investigados! escrever vai caminhando por esta estrada pedregosa e difícil. a confissão, a palavra, o pensamento livre era fácil e agora, ficou pegajoso, deformado. os caminhos diferentes…as pessoas se modificam no meio da trilha / serão acertos ou desencontros? conviver fica, pouco a pouco, mais difícil. o que eu digo não se entende, o que ouvem é diferente, voltar a explicar já cansa… interrompemos. concordamos. conversar ficou esta coisa de entregar pontos… é tão novo! conviver, uma aventura. Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2025 – Torres

coisas e fatos
esta coisa de pensar pode cansar / aliás, deixa um exaustão que invade o corpo inteiro e os olhos divagam, e as mãos se agitam sem sentido. pensar agita corpo, alma e as coisas saem do lugar, criam independência… pensar / pensar agita o tempo… Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2025 – Torres