Sem bússola

Fragilidade que pesa e arrasta. Pelo rio navego sem bússola, nem rota. Sem texto. Leve, solta. À deriva no tempo, no sopro preguiçoso da espera. Sol! Chuva miúda na tarde comprida. O passo oscilante sacode o barco, sacode angústia. Espera. Pensa. Dia, noite, hora e luz, na moita, se escondem. Já correu… Novidade surgida, moda admitida, a vírgula, silêncio ou metro medido, quietude do nada. Sem antes nem depois, amanhã. Navega no rio, no mar, no deserto chorado. Vida lisa, incólume, sem cheiro. Beijo, abraço, inquieto apelo. Sem bússola, nem rota, sem texto. Elizabeth M.B. Mattos -2013

Mormaço de setembro

O céu entra no mar cinzento. A terra fica redonda. Ondas na beira das calçadas. Estranhamente cinzento este céu derramado na areia. Volto para a lagoa num passo cansado, dolorido. Calor. Este mormaço de setembro se disfarça, engana com fantasia de primavera. A chuvarada pesada se anuncia. Amoreiras carregadas, não de amoras azuis ou roxas, mas carregadas de frutinhas verdes e avermelhadas dançam nesta brisa. Volto para casa.