“ As idéias me afluem em função de estímulo determinável, meu terreno é a existência, as essências enfaram. E (…) Necessito da palavra, falada ou escrita, para o argumento seguir me interessando. Inativo, me ocorrem frases e possibilidades que acabam não passando da consciência de estar vivo.O desejo de refletir se transforma no de inventar, e começo a me dizer palavras, sombras de versos, a ver cenas de contos ou vida futura. Desisto de grafar, não vale a pena, só escrevendo é que fico sabendo se valia ou não; mas não se vive escrevendo; desisto, esqueço. Há a rua, as mulheres, os amigos, como não querer estar presente? Tudo o que não for intenso é em mim depressão. Não está mal, não é? Um artista. Queria ter poder de abstração; melhor, necessito dele, mas posso dispensá-lo, ardo em mim. Quero tudo e insisto. Não fui feito para a calma reflexiva, embora esgotante, capaz de queimar com suas exigências e superabundância que não nos deixa quietos; é esforço sereno demais para o meu ritmo.” (p.62-63)
Paulo Hecker Filho Juventude: crônica
Editora Sulina, Porto Alegre, 1998.


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