‘Desgrenhada’ situação

Anos também envelhecem, passam no ritmo inquieto de últimos. Depois de interromper o ritmo de trabalho as coisas modificam o olhar, a fala, os gestos, como se fosse pesado estar de/em pé. Recolhem-se risadas, olhares. Cabelos brancos, desgrenhados, às vezes amarelados pelo descuido. Leitura lenta, em gotas. As costas doem. Rabisca, retoma o livro.

Faço uma nota pro amoras, escolho uma foto, um texto, outra história. Encho o pote com as frutinhas azuis. Encontro aquele vazio fácil do apesar de. Multiplicar tudo. Relatos coloridos de viagens, entre a neve e os museus. Comidas exóticas. Campos de flores. Viajar. E Torres em estado de calamidade pública… A chuva lavando, limpando, mas tormentosa. Choramos o vazio, este complicado tempo de excessos. Estou em Torres mais do que Porto Alegre. O Rio de Janeiro se necessário. Neste verão quente, mais quente, agora a chuva de assustar. Ruas lotadas, comércio esvaziado, e esta política falastrona de merda como diria Iberê se estivesse vivo. Nada funciona sabendo-se que tudo se agita em baixo de vergonhosos escândalos, e na calada do poder um excesso desmantelado. Um Brasil com espírito colonial de abuso, e sacanagens. Só imagem colorida. Divulgações explosivas. Inteligência desviada. E esta chuva meio ao calor de ferver.

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