Estupefação

O que vou fazer diante de ti. Pesa a turbulência de ser apenas eu. Onde estou? Aonde não cheguei? É preciso entrar na roda sem medo. Do exercício ao nada, ao muito pouco… Olhar, um compromisso. Ver o movimento. Dar-se conta do esforço. Deste não fazer. Vontade de entrar, falar, dizer, interromper, explicar, justificar. Depois, mais baixo, timidamente, perguntar, e agora? O que eu faço agora? Fazer exatamente o quê?

“Penso, deitado aqui à sombra deste monte de feno… O lugar que ocupo é tão minúsculo em comparação com o resto do espaço, onde não estou e onde ninguém se importa comigo! A parcela do tempo que hei de viver é tão ridícula em face da eternidade, onde nunca estive e nem estarei… Neste átomo, neste ponto matemático, o sangue circula, o cérebro trabalha e quer alguma coisa… Que estupidez! Que inutilidade! Deixe-me dizer-lhe que tudo isso se aplica ao gênero humano em geral…” (p.153)

Pais e Filhos, Ivan Turgueniev. Abril Cultural, 1971.

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