Fatalidade interior

“Ele envelhecia, se de fato já não encontrasse unicamente na ação o seu contentamento. Admirou-se de agitar problemas que, para ele, nunca tinham existido. E, não obstante, chegavam-lhe, num melancólico murmúrio, todas as coisas boas que sempre afastara de si: um oceano perdido. ‘Tudo isso está então tão perto? ’… Compreendeu que tinha feito recuar, pouco a pouco, para a velhice, para ‘ quando tivesse tempo’, tudo o que torna doce a vida de um homem. Como se realmente se pudesse ter tempo um dia, como se se ganhasse, ao cabo da vida, aquela bem-aventurada paz que imaginamos. Mas a paz não existe. Talvez não haja vitória. Não existe uma chegada definitiva de todos os correios.” (22-23).

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Os reveses fortalecem os fortes. Infimamente, joga-se contra os homens um jogo em que o verdadeiro sentido das coisas tem tão pouco peso. Ganha-se ou perdê-se conforme as aparências, não têm o mínimo valor os pontos que se marcam. E fica-se amarrado por causa de uma aparência de derrota.” (p.90)

Poderia ainda lutar, tentar a sua sorte: a fatalidade exterior não existe. Mas há uma fatalidade interior: há um momento em que nos sétimos vulneráveis; então, como uma vertigem, os erros atraem-nos.” (p.106-107)

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Voo Noturno, Antoine de Saint-Exupéry

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