Chico César

Durante o tempo em que estivemos juntas imaginei, pensei, ponderei, revisei o sentido de cada palavra que poderia dizer… Imaginei o diálogo. Perguntas e respostas. Busquei pretexto. Separei qualidades e defeitos. Confundi amor com responsabilidade. Felicidade com abnegação. Reconsiderei pontuando. Repassei leituras adequadas, procurei autores que auxiliariam, apoiariam uma advertência, a nova posição.
Silenciosa, dobrava, ordenava o armário. Seguia abrindo caixas, retirando roupas…
Servi o café com leite, comemos bolachas. Não nos dissemos nada, seguimos escutando a música de Chico César.

 

As crianças deviam ser educadas em contato com grandes bibliotecas particulares. A convivência diária com espíritos sérios, o ambiente sábio, escuro, silencioso, a contínua adaptação a mais meticulosa ordem, no espaço e no tempo – que meio seria mais indicado para ajudar criaturas sensíveis a atravessar a juventude?”

(p.15, Ed Nova Fronteira, 1982. RJ) Auto- de-Fé, Elias Canetti

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