O diário de família. O hábito de se fazer na escritura. Qual seria o motivo da rotina? Escrever para que ele também lesse? Na separação confiscaram o caderno, colocaram no cofre, e nunca mais lhe devolveram. Escrever era o jeito de lhe dizer … dela, dele, dos filhos. Dos sentimentos. O irmão advogado selou o desaparecimento do diário, das possibilidades…
Retomo o tempo, desconheço o verdadeiro, confundo imaginação, calúnia, e raiva.
A questão de resolver o que deve permitir que apareça no diário e o que deve ser para sempre escondido está no coração da escrita. Escrevemos para o leitor. No virtual o diário se esparrama… A verdade será a felicidade, a infelicidade, ou a média de sentimentos aflorados. Esta relação amorosa que atravessa dúvida, incerteza, coragem, e covardia está na escrita. Exposição. No entanto, escrever interfere na intimidade … Pintar interfere, a generosidade e verdade interferem. Corrupção, mentira, interferem.
Será que tem de ser tudo tão cruel? Deve haver uma forma de sentimentos e talentos coabitarem. Que os seres continuem imersos em suas respectivas explorações interiores… e se respeitem nas diferenças.