O que faz sentir. Pensar, voltar a procurar na memória quem somos, fomos… Um texto. Livro inacabado. Retomo. Yasunari Kawabata. Repasso a questão de ser abandonada debaixo da janela.
”fui simplesmente abandonada debaixo de uma janela.” Já escrevi sobre isso. Ser abandonada debaixo de uma janela. A história volta a me surpreender. E procuro, ainda, a minha janela.
Toda pessoa se sente de fato abandonada debaixo da janela. Todos se sentem assim, provavelmente… Sem confessar, é claro. A viagem da leitura leva por aí, carrega, arrasta sentimento. Expõe o que não queremos ser, ou mencionar. É tudo exposição. Fica o estranhamento, estupefacção.
“Na juventude, Takichiro tinha um temperamento de artista, mas era acima de tudo um misantropo. Nunca sentira a necessidade de fazer uma exposição de seus desenhos, reproduzidos em tecido. De resto, naquele tempo teriam parecido demasiado modernos e bizarros e, portanto, praticamente invendáveis.”
E segue a história do jovem. Angustia esta solidão. Transpira aquela coisa de interno, de reservado, intenso. Elizabeth se debruça consciente na impotência. O jovem ousa, o velho desanima, o remédio? Uma pílula para dormir. Ou o simples, e escondido monólogo.
“Depois da guerra, os desenhos para quimono modificaram-se totalmente. As obras que produzira antes, sob efeito de estimulantes, podiam agora ser consideradas modernas, e mesmo apreciadas. Mas, a ele já não agradavam: envelhecera.”(p.36)
De repente não faz mais sentido. Não agrada, não conversa a cor com a palavra. O fazer. Já desaparece incompreensível, a vontade.
Boa leitura: KYOTO – Yasunari Kawabata. Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2015 – Torres – os japoneses me interessam.