Volto a escrever porque já não sei o que fazer que não seja lavar louça e pensar, aspirar outra vez, arrumar camas, beber um chá? …empurrar o sono. Acordar. Este vinho Carmenere (desta uva não gostei). Não gostei, ou gosto?… Não sei. Vontade de comer doces: tenho logo que beber água e mais água. Ver o mar, olhar o mar, estar no mar e esquecer esta coisa de casa a ser perfumada. Deixar de polir e lustrar. Apertou a garganta, e sigo sentindo o cheiro do pó. Se eu pudesse colocar tudo no sol a esquentar! Esquecer dos cheiros! O sol limpa. Eu me sinto escrava enquanto lavo e estico. Outro sentimento desta liberdade maldita. A fazer. Se não faço? Bem, não sei. Escrevo. Outra loucura seria mudar de casa. Tão simples! Esvaziar tudo e limpar, pintar… São os livros que acumulam pó e cheiram. Ou sou eu com este meu olfato ativo, bem sou eu com o jeito de ser Liza Beth Elizabeth ou Eliza seria melhor. Sou eu tão distraída! Não sei. Respiro primavera, cheiros se acumulam e me perseguem. Volto para As três mortes de Che Guevara! Estou a contar as minha… Quantas eu tive? Ainda não todas: falta uma. Vou caminhar… Elizabeth M.B. Mattos – outubro de 2017 – Torres
