Não resisto, abro um livro, e esqueço da arrumação das caixas da chuva. Não consigo me despir desnudar das palavras, e ser eu, não consigo. Cito poetas mergulho, quase me afogo, afundo, mas te juro: respiro também. E.M.B. Mattos – março de 2018 – Torres
“Cada livro é uma investido na vida da gente! Quanto mais se lê, menos se sabe e se quer viver como nós mesmos. Pois isso é terrível! Os livros são nossa perdição. Quem leu muito não pode ser feliz. A felicidade é sempre inconsciência, a felicidade é apenas inconsciência. Ler é exatamente como estudar medicina e conhecer nos mínimos detalhes a razão de cada suspiro, de cada sorriso – isso soa sentimental – de cada lágrima. Um médico não pode compreender a poesia! Ou ele é um mau médico ou um hipócrita, pois a ele impõe-se a explicação natural de tudo que é sobrenatural. Ora, neste momento, eu me sinto como esse médico. Olho para os fogos nos morros e me lembro do querosene; vejo um rosto triste e me pergunto a a razão – natural – de sua tristeza, talvez, o cansaço, a fome, o mau tempo; ouço a música e vejo as mãos indiferentes que a tocam, uma música tão triste e estranha … E em tudo é assim.” (p.99-100) Marina Tsvetáieva Vivendo sob o Fogo –Martins Fontes editora – tradução de Aurora Fornoni Bernardini, 2008.
“Mesmo assim o outono é bonito. Como é bonita uma folha caindo! Primeiro ela se solta, revoa, indecisa, depois vai caindo, caindo, num movimento harmonioso, junta-se ao chão, a suas irmãs – todas terminaram do mesmo modo suas curtas vidas.” (p.92)