Acordo com aquela sensação estranha de não trabalhar mais. Não saltar da cama enfiar qualquer roupa e ir para a escola … tantos anos! Loucura largar/parar/abandonar. Das quarenta horas , num repente largar tudo …, sem plano definido. A Ulbra com vinte horas noturnas, particular alegria. Inovei. Loucura de horários apertados. Engajamento emocional. Ninguém pode ser professor apenas algumas horas. Acordava envolvida e dormia possuída como se este fazer agisse também no sono. Olhos fechados tudo seguia: vozes, ideias e livros a serem lidos, fichas consultadas, gramáticas, filmes. Alunos, escolas, pequenas viagens. Energia para dirigir até Porto Alegre de manhã e voltar a noite. Prazer da estrada. Aquela juventude boa de se entregar ao volante/rodar … Acordei com desejo de entrar no carro. Ir até a beira do rio Mampituba e passar no supermercado. Tomar café com aquele pão quente de farinha bem branca, suco de fruta, e gosto de vida, nova energia. Ideia de aposentar foi a pior que eu tive. Não trabalhar pode ser castigo infringido ao corpo ao tempo, testar alegria. E se desfaz em vagares. Coisa nenhuma. Hoje acordei com vontade estar de volta. Giz, livros, notas, chamada, vozes, pessoas … Eu deveria poder voltar. Desabafo. Novembro segue frio, ainda é muito cedo para providenciar no pão … Vou passar um café preto e desligar o radio. Talvez volte para a cama. Elizabeth M.B.Mattos dezembro de 2018 – Torres
