medo desgovernado

toda a lucidez pequena /aquela que eu guardei emprestada, se desmanchou… /importa tão pouco agora! a água escorrega da ducha, e já não chega animadinha na sala (sorrindo). Uma pedra de granito fez/faz barreira, (a luz dos azulejos brancos se animam), tenho um banheiro? Não coloquei luz em cima do espelho… Não uso batom, nem penteio os cabelos: prendo todos os fios num único grampo. Os olhos abrem pesados, mas o dia está lindo. Vou voltar para o tricotar, e para a música, ou cavar a terra… Desanimada! Seria preciso uma fortuna para manter os livros no resguardo do pó, das aranhas, das traças. Ambição descontrolável. Eu me recrimino pela escassez de tempo para dedicar à leitura. Mas imagine um homem que tem o dia todo e, se quiser, a noite. E dinheiro para comprar os livros que deseja. Não tem limite. Está à mercê de seu desejo. E o que quer o desejo? Se posso fazer uma observação bem do fundo da minha tristeza, o desejo quer achar o seu limite. Elizabeth M.B.Mattos – maio de 2019 – Torres

2019-05-23 10.41.14.jpno fundo da rua o amarelo

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