Carnaval

(19 de fevereiro de 2023)

Carnaval! Ou alguma coisa parecida que signifique descontração / outra virada, outro Carnaval da / na (nunca sei ao certo, preposições, mudam tudo) minha vida, devagar! Com a mesma fantasia! Talvez seja isso, a mesma fantasia! E não posso fazer diferente de todos os dias, sem máscara, sou a mesma. Reconhecível! Esta coisa de pensar desconcerta / ou sempre foi desconcertante / demorado, arrastado: de lá pra cá, quase sem rumo, já no caminho… Não muda nada, aos poucos me descubro sempre a mesma, o mesmo! O mundo! O externo se agita, aliás, também se repete. Como será a terra toda desvendada. Os homens, os mesmos. Repetidos sentimentos. Atrapalhados. Exdrúxulas percepções, descabeladas (eu com meus cabelos presos por um grampo, isso já tem significado) e desarrumada pelo vento! Aquela boa sensação de transformar… Elizabeth M.B. Mattos – fevereiro de 2023 – Torres

Conversei com as duas irmãs hoje. Bom chegar! Aperta o sentimento da irmandade enclausurada! Solto as amarras e as reservas!

explicar

Às vezes me pergunto por que as verdades elementares são as mais difíceis de entender. Se eu tivesse compreendido, então, que a primeira qualidade do amor é a força. Provavelmente, os fatos teriam outra forma: seriam diferentes. Para ser forte, contudo, a pessoa precisa, antes de mais nada, amar a si mesma; para amar a si mesma, precisa se conhecer em profundidade. Saber tudo de si, até o mais oculto, as coisas mais difíceis de se aceitar, as que consideramos proibidas de investigar… Ou quase tudo. Conhecer. Mas como levar adiante um processo desses quando a vida nos atropela com o seu alarido? Então, agora, eu me dou conta, o TEMPO está devorando o conhecimento que eu tenho de mim, e as palavras se sacodem com o vento, e eu não me permito ser objetiva. Não quero saber mais, nem muito, nem pouco. Quero apenas o AGORA. Elizabeth M.B. Mattos – fevereiro de 2023 – Torres

igual te digo, repito

Nanquim – Glauco Rodrigues – 1954

que eu penso em ti, não preciso dizer, nem da chuvarada preciso contar (sabes que me agrada), nem que eu quero tua saúde completa, nem.., pois é, não encontrei motivo nenhum para escrever, mas eu te escrevo.

pensar em ti me faz bem. vou explodindo alegria no pensamento de te pensar. feliz por estar assim ‘amarrada’ na lembrança / memória esfarelada de te pensar…, eu sei. Um beijo Elizabeth M.B. Mattos – fevereiro CARNAVAL com vhuva – Torres 2023

incêndio de agitação

Fervilha devagar um incêndio de agitação, e o tempo faz cócega, inquieta. Uuauuu, difícil abraçar este tudo e ser feliz. Mas a tal felicidade se surpreende/e me surprende. A chuva deste verão carnavalesco resolve se impôr com um frescor, uma nitidez serena. E eu acordo, tarde, é verdade, acordo de um sono de princesa (acho que elas adormecem também, sem ervilhas em baixo dos colchões) e se acordam encantadas com o gosto matutino de felicidade. Entro no meu cotidiano com a leveza boa de ser feliz. O feijão está a se fazer, o gosto do café perfuma até a alma, os espirros são respostas! Vou revirar o dia! Nossa caminhada foi na estiada, entre as chuvas pequenas…ah! este gosto de ser feliz engorda! Elizabeth M. B. Mattos -fevereiro de 2023 – Torres

Lá na beira da lagoa, um guarda-chuva azul:os dois sentados! Especial!

carnavalesco

errar pode ser caminho, acertar sempre é o desejo. tantos são os nós / os amarrados que fico presa nas tentativas. ensaiar o grande gesto. agradar menos e mais, aqueles, estes, mas também me agradar… entender o espaço entre aqueles, estes e eu… navegar, às vezes, ou me jogar no mar e nadar, nadar, mas é heroismo, não sou heróica, todos os saltos foram naturais, espontâneos. abençoados, ou sei lá como foram, importa? talvez seja assim o dia de todos os dias, ventoso, ruidoso, escuro e tão claro, carnavalesco. Elizabeth M.B. Mattos – fevereiro de 2023 – Torres

tanto e tanto

escrevendo no amarelo

17 de fevereiro, uma madrugada! Dormi tanto e tanto! O sono desarrumado. Hora errada de preguiça. Imagino meus pares adormecidos. Sim, não ser dois incomoda, não ser nós… Com certeza uma fortaleza teu abraço. Comunhão com a calidez da noite! Estes amarelos me encantam! No fundo a lagoa. Posso ser menos feliz?! Tanto prazer me pertence! E, súbito, solidão guardada. Sou outra. Quero descartar, quero gritar a voz de falar/explicar! O sonho era todo povoado contigo! Há uma alegria a conversar dentro de mim. Aquela saudade infantil, juvenil que eu sinto da casa, dos jacarandás, da minha meninice! E Tia Joana a costurar! Eles nunca saíram da minha casa, da vida! Sempre imagino ou alimento o sonho: para sempre, e estou / sou tão limitada! As bordas do tempo empacotam a vida! Sinto saudade, desejo, nem sei, uma saudade a transbordar. O corpo se ajeita nas velhas camisolas como se fosse dormir, dobrado, fechado, destemido! Pois é do corpo que a saudade brota! Elizabeth M.B. Mattos – fevereiro de 2023 – Torres

buganvíleas amarelas festejam a noite, desenham a fantasia colorida

carnaval 2023

Por que o CARNAVAL se antecipa? Estou enrolada nas serpentinas. Cabelo e confetes se confundem. Não penso, saio da rotina. Divagações,mais, muito mais do que música e pulos! Desordem da idade, não sei. Ah! Se não anoto a rotina, a rotina dá nós e cortes, outros nós e me assusta. Isso se confunde no calor de, calor de verão (natural,não é)…, os três pontinhos são confissões impossíveis. Aquelas q não dizemos/fazemos/contamos ao confessor. Incompletas, não caracterizam pecado mortal. Existem pecados? O mundo permissivo / abusivo e carnavalesco desde que iniciou janeiro: nada é pecado nem indecente, tudo lícito. Preciso aquietar o espírito, ler e ler e ler, talvez escrever, limpar a casa mais seguido e lavar os vidros, depois, caminhar, caminhar, caminhar, e caminhar, e silenciar. Excesso de conversas, poucas anotações, notas, fantasias carnavalesca. Ah! Como eram bons os nossos pacíficos carnavais naquela adolescência torrense. Súbita saudade! Elizabeth M.B. Mattos – fevereiro de 2023 – Torres

infinito

As guerras, as lágrimas caminham com o ódio, a fome e a incompreensão. Tanto vivemos e não apreendemos como povo, nem com a união. As pessoas querem ser sempre mais e melhores. Exatamente em quê? Os outros são circos coloridos, não fazem parte das pessoas. Esquisito isso!

Afinal, concluo: gosto de cada pequeno evento do meu corpo… A beleza do mar foi como um choque! Como posso estar tão perto e tão completamente alienada da esmeralda das águas, da doçura daquela água e tão longe de um prazer, um prazer absoluto. O mergulho significa dentro deste calor verão, ou do verão calor deste ano, apenas mais um ano. Cortei a vida em mar / sem mar. Deixo de ser um ser pensante e me transformo em ser caverna. Vou tentar adquirir um apartamento que me devolva o horizonte do mar e que me faça mergulhar, mergulhar, mergulhar…

Elizabeth M.B. Mattos – fevereiro de 2023 – Torres

Praia da Cal – Torres

Ferreira Gular TRADUZIR – SE

Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo. Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão. Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira. […] Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente. Uma prte de mim é só vertigem; outra parte linguagem. TRaduzir uma parte na outra parte – que é uma questão de vida ou morte – será arte?