cópia fiel

“Uma das muitas coisas que me tornam diferente das outras pessoas, é que os atos que pratico na vida real costumam terminar como cópias fiéis do que existe em minha imaginação. Ou melhor, não exatamente imaginação, e sim a recordação de minhas próprias fontes. Nunca consegui dominar a sensação de que cada experiência que pudesse ter na vida já havia sido vivida por mim de forma brilhante. […] Sentia realmente que em alguma ocasião do passado distante eu assistira em algum lugar a um pôr do sol de brilho e esplendor incomparáveis. Era culpa minha se os ocasos que vira depois sempre me pareciam desbotados.” (p.213) Yukio Mishima O Templo do Pavilhão Dourado

O que a gente é, como a gente imagina ser, e como nós mesmos transformamos T U D O em Templo Dourado ou Caverna ou Prisão ou Felicidade ou Infelicidade. A vida como a ilusão de ser vida, ou ser passado, esta coisa de futuro projetado que não é nada, apenas um agora consciente ou adormecido. As famosas pílulas do Huxley ou as descritas em livros espelhados. Tudo já foi dito, tudo já foi vivido, igual queremos repetir, inventar a beleza ou a feiura, refazer o feito, ajustar a boa receita. Carne ao ponto, mal passada, bem passada, ao ponto menos, ou ao ponto mais. Escrevi na primeira pessoa do plural, deveria ser no Eu / mas o egotismo se dilui num plural necessário, o texto de Mishima que conviveu com Kawabata e quis salvar o Japão, o Imperialismo ou se salvar… Salvar é uma boa palavra. Viver ou Morrer. Acolher ou deixar cair como as pétalas de rosas… Deveriam ser eternas, não são, ou são? Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2023 – Torres

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