2 de novembro de 2023 chuva vento, mais chuva e limpeza. Casa limpa / vidros transparentes. Bom começo, bom fim de ano… Alegria transparente se soma a chuva, chuva, chuva. O incidente ficou agarrado na memória. Uma traição natural da amiga, atravessar-se na expectativa do outro. A gota do copo cheio: não consigo esquecer. Passado algum tempo, ou tanto tempo não consigo, não é possível acertar nada. Fica o engasgo. A pessoa vive remenda, repara, constrói e por vezes, às vezes, estraga a vida, a relação e a amizade. E me dou conta que o tempo / a passagem do tempo percebe, ou melhor, se ergue a partir dos acertos e erros e acasos, mas não é modificável. Não se trata de perdoar ou esquecer, passar por cima: o equívoco está alerta, aponta a defesa. A minha arma pessoal é não esquecer. Não quero ser atropelada duas vezes, três vezes pela mesma pessoa. Quando alguém emerge do passado e anuncia em tom comovido que deseja acertar ’tudo’ a seu modo singular, não se trata de acerto… Na vida não há meias soluções, alguma coisa teve início um dia, há muito tempo, no tempo das mães, da infância, das perdas, mas agora tem que se encerrar. Acabar. Acabar com ponto. O final. Outra história começa. Regar o jardim, revirar a terra. Respirar e caminhar. Outra direção. Elizabeth M. B. Mattos – novembro de 2023 – Torres

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