
o ruim disto tudo é aquele vazio da solidão completa, o que importa é reagir, dar-se bem na vida, o parceiro, a parceira, a família… tudo muito confuso. quem eu olho, quem eu vejo, quem fala comigo, quem de verdade se importa? estou solto / solta e é assim, entregue a mim mesma / mesmo, catando lixo na lata do lixo, aquele pseudo amigo que dá uma risada e oferece um cigarro… tão o mesmo.
ás vezes a gente não quer viver, mas não é explícito, mas atravessado em / por maus hábitos e mau humor e displicência… o tal mal que nos ronda, ronda o bem.
eu queria ser cachorro, agora todos tem animais de estimação / latem miam, olham e tudo acontece. alguém se importa. esta coisa de se importar tá danado… ninguém se importa porque ninguém quer ceder o lugar em que está, o sonho que tem, a casa aonde mora, ou o desejo de acolher, cada um na sua ilha, e a ilha no arquipélago… pois é. é esquisito este pertencer (ironicamente) a lugar nenhum, a nós mesmos. reconheço que não me reconheço, então, então, então eu arrasto as correntes… esta coisa de estar preocupado (risos), preocupado com o quê, que eu respire? que eu beba o vinho, ou fume o cigarro, ou que eu vá até a praça e tome sol no rosto, nos braços…, nas pernas. com o que exatamente estamos (estás, estou) preocupados se não temos tempo sequer de ser /ter então, ficção. viver é uma piada. alguém perguntou se eu queria viver? Elizabeth M. B. Mattos – novembro de 2023 Torres – gosto de chocolate, isso, eu gosto.

Fotos Pedro Moog – 2023 – São Paulo