“[…] l’ art littéraire ne m’intéresse que dans la mesure où il est plastique.”
parei pra pensar nesta questão plástica / eu, não sei como traduzir corretamente – o visual, o plástico, o que se move em formas e cores… o que, exatamente, Léon-Paul Fargue em Le piéton de Paris
traduzir / não pode / não é o mesmo que pensar: a leitura se despeja no sangue, pela dor dos joelhos, da perna e vai a fazer doer / grita. Depois a gente volta deste mergulho já ocidental ( 1939 ).
Moi, je me suis laissé appeler par les géographies secrètes, par les matières singulières, aussi par les ombres, les chagrins, les prémonitions, les pas étouffé, les douleurs, qui guettent sous les portes, les odeurs attentives et qui attendent, sur une patte, le passage des fantômes, des souvenirs de vieilles fenêtres, des fumets, des glissades, des reflets et des cendres de mémoire.” (p.12) – Par ailleurs
não se explica o teclar acelerado quando esta vontade de dormir se acorda no livro e se instala. Corpo dolorido: joelhos, pernas, costas, braços…, de repente, não vou conseguir mais me mexer ou vou gritar. O corpo se despede e eu não quero ir. Saio da cama, e desajeitadamente transcrevo o que me soa familiar, meu e perfeito. Le piéton de Paris: acordo minha mãe, tão jovem ainda com as filhas a crescerem, mas ela parisiense: pele transparente. Inteligência plástica, olhar / perceber / devorar / apaixonar, e, assim a transformar, mastiga com avidez… Eu pulo da cama para registrar a minha euforia, trazê-la de volta e sem atrapalhar, apenar espiar a vida que ela imaginou, criou, fez acontecer. Desenhou, costurou para entregar completo feito / inventado e posto a disposição das suas três meninas, três filhas.
Agora vou me afundar…Quero ler depressa, empilhei outros autores, e a precariedade física dos livros exige que eu não os maltrate como gosto. Vou apenar dar pulos, empurrões e voltar para reler. Vou conseguir e vou amolecer, depois tentar traduzir, sem ser muito importante…Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2023 – Torres