
Ah! Tua coragem chega neste ramo de rosas! Jeito bom de mandar flores, rosas de todas as cores, um precioso bom dia. Obrigada. Não sei se mereço. Rabugenta, queixas e pedras, não sou pessoa agradável, nem para se pensar, porque os fluídos devem chegar escuros. Ufa! Desabafo! E penso no teu passeio, nas tuas voltas, neste teu rio de águas limpas, tuas caminhadas e tua alegria. Tuas pequenas viagens soltas! Eu sigo aqui acorrentada neste navio. Os jasmins me salvam, o verde me abraça e o silêncio. A obra do prédio, este ajardinado com oliveiras e palmeiras me parece tão sem propósito, mas, de repente, o céu se toma de um azul e de uma beleza que eu me curvo. Como as férias continuam férias, eu prolongo as cartas. As novas notícias, os jornais e as revistas parecem diferentes! Será verão ou será Brasil? Não sei. O meu ânimo e humor horrível e minha irracionalidade são de um país escuro, suponho. Igual resolvo te escrever. Depois conto detalhes das novidades domésticas… E da nova pintura! Vais gostar. Elizabeth M. B. Mattos – janeiro de 2024 – Torres



São apenas 108 páginas, estou na página 41 -, porque leio assim, muito, muito devagar. Tenho que interromper, fotografar, uso os pincéis para preencher a tela com cores parentes do vermelho, chegam no preto e vão a se esfacelar no rosa com o verde necessário. A tela, os pincéis, o cheiro forte do verão se derrama na tela. E escrever vira compulsão, poema, ou rascunho, conversa ou apenas o dedilhado do piano… são apenas cento e oito páginas. E Fosse não usa maiúsculas, nem ponto final, nem respira, escreve. Juro que estas semelhanças que usei ao longo do Amoras, em meus textos precários e fragmentados, não foi imitando o Fosse (Nobel de 2013), nem de dentro do gelo da Noruega atrás de um Fiorde, nem pela leitura obsessiva que fiz de Karl Ove Knausgär. Foi assim, um presente neste Natal. Um mergulho. E percebo que posso seguir… Outra vez, seguir. Elizabeth M.B. Mattos – janeiro- 2024 bocejando.
Repetindo: porque afinal tu sempre velejaste, ou correste, ou fizeste esporte, ou saíste a ser isso e aquilo, e a seduzir, tu te especializaste em sedução e eu, eu fiquei a te olhar, a te pensar, a te olhar… a indecisa menina, aquela que ficou esperando o noivo que não chegou (bom que não tenha chegado, teria transformado minha vida num quintal de fundos). Acabei recebendo braçadas de rosas, galanteios e dancei. E chorei bastante, depois, engoli as lágrimas e corri pelas calçadas. Nunca consegui te alcançar, nenhum dos meninos daqueles mágicos veraneios… Atrasada eu. Todos se casaram depressa. Confesso, eu também apressei un mariage. E conheci em majestade o Rio de Janeiro, e casei na Igreja São José, num fevereiro escaldante…

Eis esse seu talento, Senhora. Apesar de nunca, foi sempre uma… e essa sempre uma foi sempre um nunca…
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por onde / em que lugar perdido, americano se encontra este amigo que me chama Senhora! Ah! Tenho que correr para encontrá-lo…
ESCOLHA
Para ti não é a quem escrevo, senhora
Não o é a ninguém
Escrevo para mim a qualquer hora
Para sentir o bem
De ver meus dedos
A produzir os desenhos
No branco da folha
São frágeis empenhos, tu sabes
Pr’afastar os meus medos
Não é minha escolha.
(pag. 25 Passatempo)( acho que teria te mandado este antes
da publicação porque nós então nos comunicávamos(?)). Já não
mais uso pontuação(apud W.S. Merwin) nem tampouco maiúsculas nas entrelinhas. Minha escolha, senhora.
Prêmio Nobel de de Literatura 2023 Jon Fosse /” Os encantamentos de Fosse são tão indecifráveis quanto as sinfonias de Philip Glass ou as tomadas de Béla Tart ” The Paris Review