Aquela boa e feliz voracidade…Desapareceu também? Eu nunca achei que o sonho da padaria, o pastel da praia, ou as batatas fritas em montanhas… O pão quente, a manteiga, café com leite em caneco, ou todas as latas de leite condensado viradas brigadeiros/negrinhos ou branquinhos deveriam ser vetados ou limitados! Ah! Este prazer! Como impedir alguém de abraçar alguém, beijar alguém no meio do desejo apenas ou porque / porque é preciso não fazer, parar, por ser o correto. Explicar para a criança que brincar ela pode, mas não sujar nem rasgar, nem suar na roupa. Olhar o mar mas não entrar. Ver as flores, mas não colher…Voracidade / vontade / desejo também desaparecem… A droga de envelhecer é assim. O amor termina, a paixão é ligeira, o desejo desconfiado. Estou aqui pensando no livro escrito, feito, impresso, o meu bebê! E depois? O que vou fazer com todo este empenho sem parceiros? Lerei e voltarei a ler os mesmos textos… O empenho do verbo fazer. Faz, termina, não interrompe é o que aconselho a todos. Não deixa de fazer. Descansa, faz a pausa, mas continua, faz, todos os dias um pouco. Termina o quadro, o vestido, o bordado, a vontade, o livro, a reza. Faz o bolo, estica o lençol, toca a empresa. Compra o perfume. Espera. Compra. Verbos bem gordos e poderosos. E no meio da voracidade eu posso me engasgar com o pão, sujar as mãos com geleia e me lambuzar no mel. Comer o feijão com arroz. Correr ou caminhar, para me exercitar. Sim. O dever de casa feito. O livro impresso. Afinal pronto. E quem vai mesmo ler o meu livro? O livro que eu escrevi? E agora, faço o quê com ele? Distribuir aos amigos? Doar nas praças? Deixar no balcão da padaria? Não posso. Ler em voz alta na calçada? Presentear no Natal e na Páscoa? O que vou fazer com o livro que escrevi, preparei, editei. Ah! Os amigos… Se eu pensar bem os amigos já leram, os pobres! Deram retorno. Alguns não, mas comentaram as fotos. Bom que coloquei fotos! Assim descomprometo do texto. Eles abriram o livro… E a minha voracidade tem um fim. Elizabeth M. B. Mattos – março de 2024 – Torres graças! sem aquele calorão fervente… Só estou com expectativa, pequena, de que me escrevas! Ainda sou voraz quando penso em ti.