“A vulgaridade prevalecerá”

A era igualitária é um triunfo das mediocridades. É doloroso, mas é inevitável e é uma desforra do passado. Depois de haver-se organizado sobre a base das dessemelhanças individuais, organiza-se, agora, a humanidade sobre a base das semelhanças, e este princípio exclusivo é tão verdadeiro quanto o outro. A arte com isso perderá, mas a justiça ganhará. Não a lei da natureza, o nivelamento universal, e quando está no mesmo nível não está tudo acabado? Tende, pois, o mundo, com toda sua força, à destruição do que criou. A vida é a cega busca da sua própria negação; como se disse do malvado, também ela faz uma obra que a engana, trabalha para o que detesta, tece a sua mortalha e amontoa as pedras do seu túmulo. É muito natural que Deus nos perdoe, pois ‘Não sabemos o que fazemos.”

[…] não é impossível que a soma da força é sempre idêntica no universo material, e dela apresenta não uma diminuição ou um aumento, mas metamorfoses, não é impossível que a soma do bem seja em realidade sempre a mesma e que, por consequência, todo o progresso num ponto se compense em sentido inverso num outro ponto. Em tal caso, jamais deveríamos dizer que um tempo e um povo superam absolutamente um outro tempo e um outro povo, mas em que há superioridade. A grande diferença de homem para homem estaria então na arte de transpor de si mesmo o máximo de força mental disponível para a vida superior […] (p.247) Heri-Fréderic Amiel – Diário Íntimo

Estas conversas encadeadas que repetem os sentimentos e as impressões. Pensar escrever pensar / ir e voltar. Qual o espaço certo entre viajar e ver / olhar paisagens, perfeições e extraordinário viver a contrapor com a mesmice de sermos nós. Se sabemos quem somos… Sim, de repente, eu me pergunto por que escolhi isso e não aquilo, porque amei os vermelhos quando os amarelos me perseguiam, quando conheci o verde e o azul. Misturei o tempo e os personagens, encobri aquele encontro, escancarei o teu olhar, amei e depois, eu me afastei… Por quê? À esquerda do passo, ou sempre a direita? O aconchego de ser ou a turbulência de todos? Este acerto na negativa da luz: a fotografia. Houve um tempo de fixar / reter e a estranheza do beijo. Enquanto não acerto o calor neste inverno, vou testando a saudade. E nem sei bem do que sinto saudade, se és a sombra, não és o vinho, nem o gosto, mas a possiblidade. Elizabeth M.B. Mattos – julho – dia 12 neste gelado praiano, gelado – 2024

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