rotina do nada

desorganização da rotina / deste fazer de todo o dia… aquilo que necessariamente importa para me manter viva. sem filosofia sobre o que significa estar vivo / qualquer coisa como atordoado, consciente ou inconsciente? bem alimentado, vestido, a seguir os exercícios físicos necessários e pitorescos: quando alguém parabeniza! ou seja, a tarefa foi cumprida, mereço boa nota. independência e lógica. o que se faz escondido, está escondido, não tem aplausos nem voz contrariada. o prazer é por conta, a surpresa também, o espanto chega pelas calçadas com estranhamento: recolheram as tilápias mortas da Lagoa do Violão, mas não todas… algumas tartarugas espiam. as pessoas passam, olham. não vamos reclamar outra vez, ou vamos? talvez sejam novas mortes, mortes… o novo assunto: o dia está azul, bonito, agradável. fará mais calor amanhã. o sono foi satisfatório, mas sigo cansada, atordoada. atrapalhada. duas palavras se transformam num discurso improdutivo. pessoas conversam: tudo, nada, se olham, se tocam, confraternizam… afinal a vida responde a vida. uauuu! eu me assusto. será que deixei de ser vida? uma impaciência mansa / o livro não me agarra. perdi uma conexão. não é queixa. dar-me conta do atraso. pra que serve chegar em tempo. tempo de fazer o quê? não me importo se o café esfria. ver as vitrines. caminhar um pouco mais. ônix está com uma coisa ruim na pata, não fica boa… incompetência minha? as noites voltaram a ser mansas / janelas abertas… o tempo entra / a noite entra / as vozes entram / as luzinhas dos edifícios entram… amanhã vou visitar o mar. Elizabeth M. B. Mattos – julho de 2024 – Torres – tem uma porta que nunca abro, mas algumas pessoas ainda batem… eu deveria abrir?

Pedro Moog – julho de 2024 – São Paulo

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