O que estamos escrevendo é sempre cego. Não podemos saber na hora se está ficando bom ( se depois, retornando-o, o julgaremos realizado ). Nós simplesmente o vivemos, e é claro que as astúcias, os expedientes que já empregamos, são outro estilo composto de antemão, estranho à substância do atual. Escrever é gastar os maus estilos, empregando -os. Voltar ao já escrito para corrigir é perigoso: seria justapor diferentes coisas. Então não há técnica? Há sim, mas o novo fruto que importa está um passo adiante da técnica que conhecíamos, a sua polpa é que aos poucos vai nascendo da pena, sem sabermos. Conhecermos um estilo significa termos desvendado parte do mistério. E que daqui por diante nós nos proibimos de escrever nesse estilo. Chegará o dia em que já teremos trazido à luz todo o nosso mistério e então já saberemos escrever, isto é, inventar o estilo.(133-134) Casare Pavese O Ofício de Viver