sorridente e injuriada ou dia ensolarado e relaxado

Boneca da ilusão, a que eu guardo na sala, o brinquedo. A infância exposta: toque da ilusão do gozo perfeito. Existe?

Acho que eu sou do emergencial. Do socorro do momento apressado, apenas aquele. Esqueci como pode ser bom o lento, o vagar, o atrasado, o saltitante… Saltitante, mas, demorado. Ficar aonde se está plantado, para sempre. Sem pressa no gozo. Presa no projeto do que pode ser ou vai acontecer. Um dia, vai acontecer (e a gente espera). A paciência de cozinhar o feijão sem pressão. Como se ainda tivéssemos o velho fogão a lenha, manter o fogo aceso. Poder beber o vinho junto com o cheiro e a preguiça. Ter as coisas assim, como quer o tempo. Envolve, devolve. Não cartão postal, não coisas de ver sem estar. Coisas de levar e voltar, continuadas coisas. Sem plateia ou ato de representar e voltar. O único, como diz Alice Munro, estamos eternamente no palco para sermos visto pela plateia imaginada, necessária. Acertou. Acho exagerei… Costurei assim. Eternamente no palco com ou sem plateia, imaginamos. Pensei nas roupas que vestimos: algumas se ajustam bem, ficam no corpo como a pele. Usamos tanto e tanto, as mesmas. Não importam os furos ou desgastes, nem os espantos nos fazem desvesti-las. As crianças detestam trocar de roupa. Os vaidosos se acariciam como vitrines, adoram os novos modelos. Pessoas comuns / gente gente de ser gente, apenas veste para tapar… ou. Ou, ou. Acho que me distrai do pensamento. Tem uma curva nas flores da varanda que me fez sonhar. Elizabeth M.B. Mattos – setembro de 2024 TORRES, num desvio.

Deixe um comentário